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LOUCO

Lembra-me este Sol de Primavera Estradas de caminho do sul ao norte Caminhos de pedra sem destino O nevoeiro pardo, fino Um espaço falso que ocupa o que sou Uma prenda que enfeita o mar da incerteza Uma luz que mostra o que tenho O escuro que oculta o que desdenho É mais que um caminho É um destino O que se esconde no teu sorriso É mais que tudo o que pensas Ser assim louco e gigante Ao mesmo tempo Passar de povo a infante Foto: Um Louco Num Mundo de Loucos - Victor Jesus ( olhares.aeiou.pt )

DIRIA O´NEILL...

Diria O’neill que há palavras que nos beijam Digo eu que me custa que assim sejam Leves brisas que passam e não oiço Planícies e tempestades Velhices e idades de pasto curto Digo eu que perdes por ser assim Calado e mudo Ouvidos moucos a quem gosta de ti A quem te vê sem te ouvir A quem te ouve sem te ver A quem te olha sem te falar A quem te quer sem te ter Digo eu que não sou sábio De ideias nem de razões Que sofrem muito os corações A mente, as unhas e o lábio É mentira, não acredito Que possas fazer do vento uma brisa Que te seja indiferente o olhar Que te seja presente a ausência E desconhecido o chegar Foto: Love Will Save The Day - Raul Alexandre ( olhares.aeiou.pt )

FALAS DO SILÊNCIO

Será surdo quem fala em silêncio? Na confusão dos sons do mundo Cala-se a voz bem fundo Falarão as coisas que vemos ao fundo? Ou são apenas murmúrios do mundo Confessam os olhos e os dedos A ânsia da voz calada Vai-se o canto da ave pousada Na espera avultam os medos Vale a pena tapar os ouvidos e a boca E fechar a porta por dentro A tristeza não é pouca Quando te calas com o vento Foto: 368 - Fernando Teixeira ( olhares.aeiou.pt )

INFINITAMENTE

Será que existe algo para além do mundo? Pode ser bom não pensar em nada Nem na noite nem na madrugada Falso será o buraco negro De nebulosa disfarçada Infinitos sentidos das coisas Infinito o sentido do verso Suave ecoar no universo Existirá vida para além da vida Ou será precisa outra vida? Para viver a vida perdida E para amar a vida pedida Será apenas metafísico o amor? Volátil, mais veloz que a dor Queria ir na tua velocidade Deixar que o universo parasse a contratempo E em pausa abraçar o momento De poder amar o tempo Foto: Infinito Céu - Gustavo Urias ( olhares.aeiou.pt )

afinal... não há dia dos namorados

Soou uma sonora gargalhada De riso vindo do nada Sangue calado, chão molhado De um tiro com arco vindo do nada E era dia e hora de namorados De chão e mar salgados Das lágrimas dos dois lados Riu-se ele do que não via Ria-se ela do que não sentia Riam-se os dois do que não havia E afinal não havia dia Nem namorados E riram os dois E escolheram os lados E escolheram os caminhos De terra, sol e mar E esperaram por um amor Calado, por chegar Foto: box of my memories - Daniel Oliveira ( olhares.aeiou.pt )

POEMA ADIVINHA

É apagado o sujeito Antilírica a atitude Poético o objecto Fantasia a virtude Astronauta das sensações Pagão nas crenças Teórico dos sentimentos Prático das diferenças Sente com os olhos e os ouvidos Recusa o pensamento em vão Poeta das sensações Tal e qual elas são Eterna novidade na ponta da pena Discurso simples, oral Nostálgico e ardente Poeta ao natural Foto: nave & bike - fernandoalmeida ( olhares.aeiou.pt )

PEDAÇOS DE SOL

É a tua árvore alheia à minha sombra Nem sei quantas sombras fazes Quando abres os braços E me enleias e desfazes Não é original nem pecado Roubar ao Sol um pedaço E ganhar raízes e espaço Grande e leve é o vento que passa E pesado o tempo que escassa É a tua árvore alheia à minha sombra Indiferente quando passo Senhora e rainha solitária De um tempo e de um espaço Foto: Raul Cordeir o

um dia ao virar da tarde

Era um dia nítido demais para ser negado Para sentir na pele o mistério dos poetas Que amam sem ser amados Que beijam sem ser beijados E trabalhos e canseiras E ventos e poeiras E dores e panaceias E recantos escondidos Que tolhem as nossas ideias Não esperava que fosse madrasta Nem que chutasse para canto Mas tão só que falasse e ri-se E espalhasse o encanto Mas entre rios e pedras E flores e ervas Será acertada a maré Será verdade até Que um dia ao virar da tarde Mais cedo do que noite Será dissipado o mistério Será desfeito o silêncio E será verdade que por entre o teu vestido de folhos Se cruzarão os nossos olhos Foto: estilhaços de vidas - www.paulocesar.eu - paulo cesar ( olhares.aeiou.pt )

SALTIMBANCO

Todas as horas cortam a noite Veloz Como na seara a foice Lenta Chega cansada a manhã no regaço Fria Suada do cansaço Quente A tua respiração ao luar Morna Minha manhã ao acordar Fechados Os olhos do girassol Devagar Ao frio os passos do caracol Molhado O chão e a folha do vinho Seco O beijo que me dás de carinho Pequeno Toque dos teus lábios nos meus Grande O beijo que roubam aos teus Foto: Caracol - Vera ( olhares.aeiou.pt )

INSTRUMENTOS DO PENSAMENTO

Será a lógica a ciência do bem pensar da vida do momento, o instrumento do pensamento? Fosse a lógica a prática da teoria dos sentidos e diria que não há filosofia nos sentidos. Falar de algo sem saber o que é, como é! Será lógico que quem ame não saiba o que ama ou até o que é amar. Será lógico estruturar fórmulas de pensamento racional para coisas irracionais? Será ilógico contrariar as fórmulas e os argumentos sociais que contêm os sentimentos? É a nossa vida é formal ou material?   Se pensas é porque sabes que pensas Pensas na vida e não no momento Em coisas banais De forma intrusiva ao pensamento Será lógico que estando distante Estejas ausente? Ou que mesmo presente Estejas indiferente? Que quem ame fique cego Metafísico E mesmo em causa própria Seja incapaz de ser causídico Será lógico que não me respondes Quando basta carregares num botão Ou que a vontade nem comande a tua mã o ? Foto: Oficina - Sirius ( olhares.aeiou.pt )

VERSO E REVERSO

Se eu fosse um verso Seria com certeza um verso do inverso Escrito de trás prá frente Ou visto á lupa e á lente Se eu fosse um verso Teria que ter uma poesia para nadar Uma frase para rimar Um texto, um mar pra navegar Se eu fosse um verso Podia rimar com várias poesias Uma nova todos os dias Se eu fosse um verso Só, apenas, um simples verso Monossilábico, mesmo do inverso Seria a só a palavra Que a poesia do verso Quisesse Que fosse Se eu fosse um verso seria um pássaro Que faz das frases ramos E das poesias enganos Se eu fosse um verso Seria eu verso Mesmo do inverso Seria meu E nenhuma poesia reclamaria É meu Mas era se fosse um verso Como não sou verso nem do inverso Sou apenas o inverso do verso Sou o reverso Foto: Rodinhas1. - Ed Ferreira ( olhares.aeiou.pt )

O GIGANTE A NUVEM

Não sei se sabes que eu sei Que és mais que planta e mar Se sabes que as pedras escrevem versos E as nuvens o inverso Mas há diferenças no universo Enquanto eu sei que tu sabes Tu pensas que esqueço Mas este poema é mais que nuvem ou pedra Mais do que a cor ou dor É apenas a teoria de quem sente Quem imagina coisas loucas E vê gigantes em coisas poucas Foto: Pigmeu Gigante - Emerson Barbosa ( olhares.aeiou.pt )

FRUTAS E ESTRADAS

Haverá nas estradas que visitamos Verdades e certezas absolutas Certezas e sinais sobre o código Sobre as pessoas todas iguais Dispostas certinhas em bancadas de frutas Será alto o marotear Quando os sinais nos enganam E as estradas findam seu passo Será mentira a verdade Ou vencerá o cansaço Degraus altos têm estas estradas da vida Assomam quando muda a realidade Quando sentimos Que as nossas mãos se aproximam dos joelhos Quando a hora da estrada não é a nossa Ou quando se parte o sinal do espelho Ficamos cegos ao pôr-do-sol Foto: Frutas II - Raul Cordeiro ( olhares.aeiou.pt )