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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2011

A fuga do beijo

Pus um beijo sossegado Deitado Em cima da mesa de entrada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Ninguém lhe tocou Ninguém o viu à entrada De tão quietinho De uma boca tão calada Um beijo é apenas um beijo Quietinho Sossegado e poupado A uma boca Que não quer ser beijada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba

Losangos da Serra

De cheiros amarelos de giestas (Portalegre)

Foto: Raul Cordeiro É esta No seu passo alegre A cidade do meu andar Que se escreve Deliciosa Diante do meu olhar De cheiros amarelos De giestas Nas abas do teu vestido Das festas Num voo colorido É fresca a tua boca De madrugada É de sol A alvorada

Da tua boca o meu poema (Fado)

Quando um dia me cansar de cantar Os versos que em tua luz me iluminaram Hei-de cantar com toda força As frases e as vozes que na vida me falaram Hei-de cantar com toda força As frases e as vozes que na vida me falaram Calei-me tantas vezes perante a vida Que ela me julgou um malfadado Foram só os versos que me fizeram Senhor e pobre escravo do fado Foram só os versos que me fizeram Senhor e pobre escravo do fado Fiz das rimas a minha canção De ser tua inspiração o meu lema Fiz dos teus olhos a inspiração Da tua boca o meu poema Fiz dos teus olhos a inspiração Da tua boca o meu poema Agora quando canto, canto fado Canto os teus olhos e a tua boca Mesmo que o oiças mal cantado È verdade o que ouves, não estás louca Mesmo que o oiças mal cantado È verdade o que ouves, não estás louca

Este homem

Este homem pensou e saiu de cena Sem espada nem pena Em vez de um murro um beijo Em vez de tristeza um lema Este homem abriu o coração E fechou-o em seguida Não fossem os seus olhos Abrir de novo aquela ferida Este homem ficou leve Mais leve que o vento Mais breve Do que o sol assombra

Azelhices

Não contar nas contas de outros É quase como amachucar as orelhas Quando puxamos a blusa pela cabeça Feitos azelhas E os olhos desatinados Quando nos olhamos Fazem sombra mesmo fechados Não contar É mesmo isso Gritar Fazer a voz dar a volta E voltar