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A mostrar mensagens de março, 2013

adulta, madura e esguia (ao Dia Mundial da Poesia) - Republicação

Sabes que não há tempo Como o tempo em escrevia poesia Em que a noite era dia Sabes que não custa andar Não há esquinas no tempo Nem portas por descobrir Escrever é deixar ir A mão atrás da pena É conjugar verbos E rir Sem os alcançar É ver os pássaros voar Reunidos em congresso Quietinhos e atentos no ar Sabes que não há tempo Nesta poesia, na minha poesia Como o tempo de rimar Sabes que gosto cada vez mais Da poesia que envelhece Do verso que é verso E parece Sabes que não há tempo Para crescer a poesia Ela quer-se à nascença Adulta, madura e esguia

Cuidado

Há um silêncio secreto no amor desprevenido Descuidado e pouco sabido Cuidado com as esquinas que cortam o caminho E o tornam mais comprido Cuidado com o animal desprevenido Que nos assalta o coração Cuidado com o que escondes na mão Cuidado com um amor pétreo Onde se vive Inês Vivem os amores E se morre Inês Morrem as flores Cuidado com o silêncio Cuidado
Mil tons (Fora de tempo - Castelo de Vide - 08/03/2013) Longe do sítio Onde me sento e descanso Perto de um ribeiro manso Onde rebola o meu versejar Eu encontrei Uma pedra de mil tons Essa pedra tem toques raros Uns maus e outros bons Peguei nela devagar Atirei-a ao céu Tão longe e tão alto Como se ele fosse meu E ela voou e riscou No céu como um lápis Um nome nasceu Com as cores do arco-íris É raro termos a sorte De ser cor das cores do céu De ver de perto Um pequeno troféu Erguer-se num mundo incerto E usar o mesmo olhar E usar o mesmo respirar E a mesma pedra de mil tons Para dar cor ao luar E ela voou e riscou No céu como um lápis Um nome nasceu Com as cores do arco-íris
A fuga do beijo (Fora de tempo - Castelo de Vide - 08/03/2013) Em cima da mesa de entrada Não há nada Pus um beijo sossegado Deitado Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Ninguém lhe tocou Ninguém o viu à entrada De uma boca tão calada Um beijo é apenas um beijo Sossegado e poupado Não há nada A uma boca Que não quer ser beijada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Ninguém lhe tocou Ninguém o viu à entrada De uma boca tão calada Pus um beijo sossegado Deitado Em cima da mesa de entrada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Ninguém lhe tocou Ninguém o viu à entrada De uma boca tão calada