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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2010

MIL TONS (letra de música)

Longe do sítio Onde me sento e descanso Perto de um ribeiro manso Onde rebola o meu versejar Eu encontrei Uma pedra de mil tons Essa pedra tem toques raros Uns maus e outros bons Peguei nela devagar Atirei-a ao céu Tão longe e tão alto Como se ele fosse meu E ela voou e riscou No céu como um lápis Um nome nasceu Com as cores do arco-íris É raro termos a sorte De ser cor das cores do céu De ver de perto Um pequeno troféu Erguer-se num mundo incerto E usar o mesmo olhar E usar o mesmo respirar E a mesma pedra de mil tons Para dar cor ao luar E ela voou e riscou No céu como um lápis Um nome nasceu Com as cores do arco-íris

o desfecho (?)

Que desfecho mais malandro Que desfecho mais cruel Sem ar, sem cor Vestido de escafandro Sem sabor, sem mel No meio de um qualquer mar Fiquei sem ar Sem sequer respirar Agora que me lembro Nem penso sequer em ti Mas pergunto a mim mesmo Porque não consigo Deixar de me lembrar Que te esqueci Foto: Raul Cordeiro ( olhares.aeiou.pt )

Caem os meus sonhos de maduros

Se eu fosse agora de uma idade menos idade Fugiria desta cidade Para uma cidade nova Onde não caíssem os sonhos de maduros Nem se escondessem em becos escuros Rasgaria nela o meu silêncio como prova Da força da minha mão E rasgaria ruas e avenidas E desviaria as árvores e os problemas Só para descobrir as medidas Desses sonhos que tenho escondidos A germinar debaixo do chão Foto: Raul Cordeiro ( olhares.aeiou.pt )

Ecossistema

Deixa-me ver e pensar… Como posso explicar em medida quântica O meu amar Em ordem analfabeta É em profundidade e largura De dia e de noite À luz do sol ou ao luar É em tempo e em altura De certeza ou em aventura No suor e na preguiça É amar do meu ecossistema Mais ou menos Como escrever apenas um poema

Se eu voar

Dei-te os melhores anos Dos anos da minha vida Mas tu não és de poucas contas E pedes sempre mais Para mim dar É mesmo dar Sem pensar e sem olhar Se eu voar Vais-me agarrar as asas Se eu voar Voam comigo os sonhos Se eu voar Vais comigo Atirar ao mar As flores para me encontrar Deste-me na palma da mão Os teus sonhos E eu guardei o teu beijo no coração Mas eu não sou de poucas contas E peço-te um chão Um abraço, um beijo E a tua mão Se eu voar Vais-me agarrar as asas Se eu voar Voam comigo os sonhos Se eu voar Vais comigo Atirar ao mar As flores para me encontrar Foto: teorema (Raul Cordeiro)

Não há voz, não há sombra

Estou além, atrás da minha sombra A cantar o bafo do Sol Apraz-me o prazer que me assombra A passo lento de caracol Neste canto débil não há voz Há apenas o contrário O som que ouvimos quando estamos sós Um silêncio estridente, arbitrário Há um Sol que não brilha aqui Nem faz a minha sombra Uma luz que bate em mim e reflui Uma luz que bate em mim e tomba

Embaraço

Há uma criatura que se embaraça Os cabelos na minha poesia Que a torna mais quente que fria Uma figura solar de hálito suave De voz doce e grave Uma figura solar que flutua Longínqua como a lua em pleno dia Há uma figura que se enleia Nas minhas sílabas Que as faz tremer de anomalia Uma figura lunar de voz grave De voz doce e hálito suave Uma figura lunar que se deita Quando o dia ainda espreita Há uma multidão no meu espaço Onde me perco e embaraço E procuro o meu estratagema E é nesse embaraço Que este poema É todo o Sol do espaço

O elogio

Não há terra, nem céu, nem mar Que escutem os meus pés em cativeiro Se o tempo cavou ruínas na minha pele Foi porque ele, o tempo, chegou primeiro Procuro Num espelho, a companhia de um sorriso Sei que é loucura odiar todas as rosas Sei que é loucura perder o juízo Mas que façam o elogio do louco É por agora Apenas o que preciso Quero sentir quem sou Se sou muito ou pouco Se sou assim Antes que o tempo Na sua escavação Descubra os vestígios Que não sou louco Não…

uma dor pequenina, tamanho de mim

Há uma dor que dorme comigo Que sonha comigo os meus sonhos E se baba na minha almofada Serei sincero e bondoso E chamar-lhe-ei apenas A minha dor malfadada

Há coisas

Há dores que não se sentem Apenas doem E sentimentos que não mentem Apenas moem Há olhares que não se vêem Apenas se olham E mãos que não tocam Apenas acenam Há coisas que não mudam E assim ficam sempre Apenas coisas