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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2010

Assobio

Esta sensação estranha Esta ansiedade que se entranha Esta luta interior Este frio na raia do calor Esta sensação estranha de ser Esta sensação de perder antes de ter Esta sensação antecipada de vazio Esta sensação de que depois de amanhã Não haverá mais manhã Esta sensação estranha de que os gritos de outros Calarão o meu assobio Esta sensação estranha de marioneta nos teus braços Ou de derreter nos teus abraços Esta sensação estranha De reservar um lugar Para quem não pode estacionar É isso mesmo Uma sensação estranha Mas que se entranha

Poemas de Ontem (Tenho pressa - 18 de Dezembro de 2007)

Penso o tempo do Amor, e enquanto penso, O amor é para mim um mundo A única carne e a bebida mais doce E vivo como se assim fosse À deriva como um vagabundo Só sei que é, não como ou porquê, Nem como posso explicar Esta aura que paira no ar E me leva, leve nos teus braços A voar… E quando o tempo finalmente chega De olhar bem fundo em mim Neste amor que te carrega E em todos os fardos desta vida A vida parece tão comprida No tempo que escorrega Que tenho pressa de estar em ti E ser feliz assim…

Culpas

Não é culpa da distância Mas da infância Não é do olhar Que esse nunca olhou Nem das mãos Que essas nunca tocaram Podes pensar Culpar e chorar Mas a culpa é desse lema E afinal está aqui À distância de um poema

São de água as vértebras e de pedra as lágrimas

Sei que é duro o ofício e grande o sacrifício Não pestanejar quando olho o silêncio à minha volta Quando oiço o que o canto das árvores diz “- Não fazes ninguém feliz” São de água as vértebras e de pedra as lágrimas Despidos os ramos Vestidas as lástimas Sei que é duro o ofício De nos mantermos à tona de água Quando o mar nos puxa para baixo E não podemos levantar a mão e dizer adeus De termos que assumir o que somos Em cais de nau naufragada E somos nada Um pouco de tudo E tudo de nada

Conheci hoje uns olhos lindos á esquina do meu olhar

Conheci hoje uns lindos olhos à esquina do meu olhar Surpreendida por um barco pronto a naufragar Deixa a mão e leva os olhos Surpreendida pelo mar É de silêncio o olhar com que me matas Com os olhos teus Penso-me homem Sinto-me criança Só de olhar para esses olhos com os meus Não sei se falam Se fazem da solidão alimento Sei que na cor desses olhos surpreendidos Podem morar meus amores perdidos Conheci hoje uns olhos lindos á esquina do meu olhar

Um nome ao contrário

Fico tranquilo Com tudo o que existe Que possa ser teu tesouro e luar Que se possa fazer nascer o amor e mudar o cenário E escrever nas tuas frases Luar ao contrário Fico tranquilo Com o que não existe Que possa fazer nascer algo Que possa evitar que o tempo pare E não corra feito galgo E mesmo noutro cenário Escreveres nas tuas frases Luar ao contrário Fico tranquilo mas tremem as pernas Fico tranquilo com juras eternas Mesmo tranquilo se falta a razão Mesmo que escrevas no chão Num chão de cenário Uma frase Com luar ao contrário

Peixes amarelos e sereias

Contas as conchas do mar e o ruído Que fazes ao caminhar Contas-me ao ouvido o teu espelho E as coisas perigosas do mar És filha da ilha grande Maravilha do meu marear Contas histórias de encantar De peixes amarelos e sereias De sóis e luas cheias E desse peixe chato, fedelho Poeta das ideias E contas mais ainda de ti Do sabor da pele a sal E de mais de mil epopeias Do bem e do mal De paixões e desventuras Devaneios e loucuras Contas os dias que passam E as horas que não passam Contas também… No reino de Júpiter és doce e amada E vives na ilusão do olhar De me contares um dia As tuas aventuras Do outro lado do mar

INSTRUMENTOS DO PENSAMENTO

Será a lógica a ciência do bem pensar da vida do momento, o instrumento do pensamento? Fosse a lógica a prática da teoria dos sentidos e diria que não há filosofia nos sentidos. Falar de algo sem saber o que é, como é! Será lógico que quem ame não saiba o que ama ou até o que é amar. Será lógico estruturar fórmulas de pensamento racional para coisas irracionais? Será ilógico contrariar as fórmulas e os argumentos sociais que contêm os sentimentos? É a nossa vida é formal ou material? Se pensas é porque sabes que pensas Pensas na vida e não no momento Em coisas banais De forma intrusiva ao pensamento Será lógico que estando distante Estejas ausente? Ou que mesmo presente Estejas indiferente? Que quem ame fique cego Metafísico E mesmo em causa própria Seja incapaz de ser causídico Será lógico que não me respondes Quando basta carregares num botão Ou que a vontade nem comande a tua mão?

brevidades

É verdade que te fascino? Grita baixinho Um grito dançarino No repicar de um beijinho Se me queres Seja devagarinho Para me deixares ver como és linda Que o amor é breve E a vida mais breve ainda

A PRETO E BRANCO (Republicação)

Assim tão misteriosa Linda e selvagem A preto e branco te olho Ilude-me a tua imagem Assim tão misteriosa Linda e segura Não te ver um só dia É para mim uma tortura Assim tão misteriosa De olhar esquivo e envergonhado Fazes-me às vezes alucinar Se não te vejo em todo o lado Assim tão misteriosa Cabelo ao vento rebelde De rosto seguro e marcado Dá-me vontade de um dia Estar apenas a teu lado.

A MINHA CAMA

Há uma poesia de África nos meus sonhos Um travo de catinga, gérberas e capim É do calor que acho falta E se pudesse rodar a Terra Voltar a escrever o folhetim Estaria aí à janela Cidadão de corpo e alma Cidadão da cidadela E se soubesse que voando Alcançava o que desejo Seria Kuanza e não Tejo Seria abraço e não beijo Impala e não caranguejo Há uma poesia de África nos meus olhos Um cheiro húmido de restolho de savana Um pôr-do-sol onde descanso Das minhas palavras A cama

Quase...

Estou quase certo que já escrevi o que escrevi Que já li o que li Que já vi o que vi Quase... Digo quase... Por que por vezes me confundo Se o que escrevi, li e vi É ou não deste mundo Nem sei se conheço Ou desconheço Se salto e corro Ou tropeço Se é avanço ou retrocesso Se é verdade ou imaginação Delírio ou ilusão Se o que escrevo é só um desvio Ou um extravio Escrever e ler a verdade Pertence apenas À esfera da sensibilidade

POR FAVOR. NÃO LEIAM ESTE BLOG

Ora aí está: um belissimo exemplar de comentário que recebi hoje: clube dos vivos? a vida real esta ocultada por entre o passado dos mortos mal enterrados e como vivos limitamo-nos a fingir uma expressao, a aceitar um conceito.Clube dos vivos ham? Capaz de ser ironico para os que nao têm de comer em África e tudo o mais... Esses sim sabem o verdadeiro significado da palavra «vida», nao um bando de sedentarios que nao tem mais nada que fazer entao vem a este site de poesia rasca... Pensem um bocado para variar. Ah e passem bem! ANÓNIMO Quanto não vale uma "coisa" destas? E eu que ando aqui enganado è espera que um nobre anónimo me diga o que hei-de ou não fazer. Como diria Pinheiro de Azevedo: BARDAMERDA...