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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2009

cegar e não querer ver

cegam-me os olhos de não te ver cega-me o destino de te perder cega-me o desejo de te procurar cega-me a cegueira de te amar cega-se o tempo de se gastar cega-se o caminho para te encontrar cega-se o relógio no meu pulso cega-se a hora do impulso cega-se o cego que não quer ver cega-se a vida se te perder Foto: Raul Cordeiro, Bragança (Agosto, 2009)

Curtas de Outono (II): A voz

Nem a minha voz Nem a minha música Chegam ao tecto do mundo Calo... Será sempre um grito para dentro Que me vêm dos ossos Um soluço do fundo Foto: Raul Cordeiro - Mirandela (Agosto, 2009)

Curtas de Outono (I): Dias assim

Podia ser um caule ou uma raiz Noite ou dia Lua ou madrugada Mas mesmo que fosse Serias flor e eu nada Foto: Raul Cordeiro - Almeida (Agosto, 2009)

Operações simples

Se os teus olhos me vissem agora Desleixado Suspeito de uma soma diminuída Imperfeito e cansado De comprimento intelectual Curvado Seria trágico o teu amor E mais trágico o meu fado Foto: Raul Cordeiro, Miranda do Douro (Agosto, 2009)

auto compreensões

Compreendo que do outro lado de mim Haja um quarto vazio Sem uma gota de memória Dos lapsos da minha história Compreendo que o meu tempo esteja errado Equivocado E viva à frente da minha memória Fico zangado comigo quando não o agarro Ou o deixo fugir Compreendo mas cansa-me a inteligência abstracta Compreendo no quarto vazio As memórias sem data Foto: Raul Cordeiro - Braga (Portugal), Agosto 2009

EDITAL

A forma como o tempo se cobra a si próprio É um descompasso do tempo, ele mesmo Como se seguisse a descompasso falso E as palavras e as coisas tivessem autos diversos Mais breves que estes versos A forma como o verso se alumia Se anuncia em edital Em descompasso da poesia

Caminhos Exteriores (III)

Foto: Raul Cordeiro - Varsóvia, Polónia (Setembro 2009)

Matemática

Se a Matemática fosse exacta Um mais um nunca seriam mais que dois É perfeitamente inútil somar a nós O que vai para além de nós Do nosso manto invisível O que torna para o amor A Matemática uma ciência neutra Nula e abstracta

Depois de Varsóvia... Nunca esquecer Pawiac

Depois de Varsóvia... à conversa com Copérnico