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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2009

LOUCO

Lembra-me este Sol de Primavera Estradas de caminho do sul ao norte Caminhos de pedra sem destino O nevoeiro pardo, fino Um espaço falso que ocupa o que sou Uma prenda que enfeita o mar da incerteza Uma luz que mostra o que tenho O escuro que oculta o que desdenho É mais que um caminho É um destino O que se esconde no teu sorriso É mais que tudo o que pensas Ser assim louco e gigante Ao mesmo tempo Passar de povo a infante Foto: Um Louco Num Mundo de Loucos - Victor Jesus ( olhares.aeiou.pt )

DIRIA O´NEILL...

Diria O’neill que há palavras que nos beijam Digo eu que me custa que assim sejam Leves brisas que passam e não oiço Planícies e tempestades Velhices e idades de pasto curto Digo eu que perdes por ser assim Calado e mudo Ouvidos moucos a quem gosta de ti A quem te vê sem te ouvir A quem te ouve sem te ver A quem te olha sem te falar A quem te quer sem te ter Digo eu que não sou sábio De ideias nem de razões Que sofrem muito os corações A mente, as unhas e o lábio É mentira, não acredito Que possas fazer do vento uma brisa Que te seja indiferente o olhar Que te seja presente a ausência E desconhecido o chegar Foto: Love Will Save The Day - Raul Alexandre ( olhares.aeiou.pt )

FALAS DO SILÊNCIO

Será surdo quem fala em silêncio? Na confusão dos sons do mundo Cala-se a voz bem fundo Falarão as coisas que vemos ao fundo? Ou são apenas murmúrios do mundo Confessam os olhos e os dedos A ânsia da voz calada Vai-se o canto da ave pousada Na espera avultam os medos Vale a pena tapar os ouvidos e a boca E fechar a porta por dentro A tristeza não é pouca Quando te calas com o vento Foto: 368 - Fernando Teixeira ( olhares.aeiou.pt )

INFINITAMENTE

Será que existe algo para além do mundo? Pode ser bom não pensar em nada Nem na noite nem na madrugada Falso será o buraco negro De nebulosa disfarçada Infinitos sentidos das coisas Infinito o sentido do verso Suave ecoar no universo Existirá vida para além da vida Ou será precisa outra vida? Para viver a vida perdida E para amar a vida pedida Será apenas metafísico o amor? Volátil, mais veloz que a dor Queria ir na tua velocidade Deixar que o universo parasse a contratempo E em pausa abraçar o momento De poder amar o tempo Foto: Infinito Céu - Gustavo Urias ( olhares.aeiou.pt )

afinal... não há dia dos namorados

Soou uma sonora gargalhada De riso vindo do nada Sangue calado, chão molhado De um tiro com arco vindo do nada E era dia e hora de namorados De chão e mar salgados Das lágrimas dos dois lados Riu-se ele do que não via Ria-se ela do que não sentia Riam-se os dois do que não havia E afinal não havia dia Nem namorados E riram os dois E escolheram os lados E escolheram os caminhos De terra, sol e mar E esperaram por um amor Calado, por chegar Foto: box of my memories - Daniel Oliveira ( olhares.aeiou.pt )

POEMA ADIVINHA

É apagado o sujeito Antilírica a atitude Poético o objecto Fantasia a virtude Astronauta das sensações Pagão nas crenças Teórico dos sentimentos Prático das diferenças Sente com os olhos e os ouvidos Recusa o pensamento em vão Poeta das sensações Tal e qual elas são Eterna novidade na ponta da pena Discurso simples, oral Nostálgico e ardente Poeta ao natural Foto: nave & bike - fernandoalmeida ( olhares.aeiou.pt )

PEDAÇOS DE SOL

É a tua árvore alheia à minha sombra Nem sei quantas sombras fazes Quando abres os braços E me enleias e desfazes Não é original nem pecado Roubar ao Sol um pedaço E ganhar raízes e espaço Grande e leve é o vento que passa E pesado o tempo que escassa É a tua árvore alheia à minha sombra Indiferente quando passo Senhora e rainha solitária De um tempo e de um espaço Foto: Raul Cordeir o

um dia ao virar da tarde

Era um dia nítido demais para ser negado Para sentir na pele o mistério dos poetas Que amam sem ser amados Que beijam sem ser beijados E trabalhos e canseiras E ventos e poeiras E dores e panaceias E recantos escondidos Que tolhem as nossas ideias Não esperava que fosse madrasta Nem que chutasse para canto Mas tão só que falasse e ri-se E espalhasse o encanto Mas entre rios e pedras E flores e ervas Será acertada a maré Será verdade até Que um dia ao virar da tarde Mais cedo do que noite Será dissipado o mistério Será desfeito o silêncio E será verdade que por entre o teu vestido de folhos Se cruzarão os nossos olhos Foto: estilhaços de vidas - www.paulocesar.eu - paulo cesar ( olhares.aeiou.pt )

SALTIMBANCO

Todas as horas cortam a noite Veloz Como na seara a foice Lenta Chega cansada a manhã no regaço Fria Suada do cansaço Quente A tua respiração ao luar Morna Minha manhã ao acordar Fechados Os olhos do girassol Devagar Ao frio os passos do caracol Molhado O chão e a folha do vinho Seco O beijo que me dás de carinho Pequeno Toque dos teus lábios nos meus Grande O beijo que roubam aos teus Foto: Caracol - Vera ( olhares.aeiou.pt )