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A mostrar mensagens de janeiro, 2009

INSTRUMENTOS DO PENSAMENTO

Será a lógica a ciência do bem pensar da vida do momento, o instrumento do pensamento? Fosse a lógica a prática da teoria dos sentidos e diria que não há filosofia nos sentidos. Falar de algo sem saber o que é, como é! Será lógico que quem ame não saiba o que ama ou até o que é amar. Será lógico estruturar fórmulas de pensamento racional para coisas irracionais? Será ilógico contrariar as fórmulas e os argumentos sociais que contêm os sentimentos? É a nossa vida é formal ou material?   Se pensas é porque sabes que pensas Pensas na vida e não no momento Em coisas banais De forma intrusiva ao pensamento Será lógico que estando distante Estejas ausente? Ou que mesmo presente Estejas indiferente? Que quem ame fique cego Metafísico E mesmo em causa própria Seja incapaz de ser causídico Será lógico que não me respondes Quando basta carregares num botão Ou que a vontade nem comande a tua mã o ? Foto: Oficina - Sirius ( olhares.aeiou.pt )

VERSO E REVERSO

Se eu fosse um verso Seria com certeza um verso do inverso Escrito de trás prá frente Ou visto á lupa e á lente Se eu fosse um verso Teria que ter uma poesia para nadar Uma frase para rimar Um texto, um mar pra navegar Se eu fosse um verso Podia rimar com várias poesias Uma nova todos os dias Se eu fosse um verso Só, apenas, um simples verso Monossilábico, mesmo do inverso Seria a só a palavra Que a poesia do verso Quisesse Que fosse Se eu fosse um verso seria um pássaro Que faz das frases ramos E das poesias enganos Se eu fosse um verso Seria eu verso Mesmo do inverso Seria meu E nenhuma poesia reclamaria É meu Mas era se fosse um verso Como não sou verso nem do inverso Sou apenas o inverso do verso Sou o reverso Foto: Rodinhas1. - Ed Ferreira ( olhares.aeiou.pt )

O GIGANTE A NUVEM

Não sei se sabes que eu sei Que és mais que planta e mar Se sabes que as pedras escrevem versos E as nuvens o inverso Mas há diferenças no universo Enquanto eu sei que tu sabes Tu pensas que esqueço Mas este poema é mais que nuvem ou pedra Mais do que a cor ou dor É apenas a teoria de quem sente Quem imagina coisas loucas E vê gigantes em coisas poucas Foto: Pigmeu Gigante - Emerson Barbosa ( olhares.aeiou.pt )

FRUTAS E ESTRADAS

Haverá nas estradas que visitamos Verdades e certezas absolutas Certezas e sinais sobre o código Sobre as pessoas todas iguais Dispostas certinhas em bancadas de frutas Será alto o marotear Quando os sinais nos enganam E as estradas findam seu passo Será mentira a verdade Ou vencerá o cansaço Degraus altos têm estas estradas da vida Assomam quando muda a realidade Quando sentimos Que as nossas mãos se aproximam dos joelhos Quando a hora da estrada não é a nossa Ou quando se parte o sinal do espelho Ficamos cegos ao pôr-do-sol Foto: Frutas II - Raul Cordeiro ( olhares.aeiou.pt )

SEM COMO NEM PORQUÊ

Ia escrever qualquer linha mas pensei Será que alguém lê isto? Que este não é um estilo já visto? Será justo pensar Que por detrás desta escrita Estará um punhado de algodão Que se desfaz com uma brisa Que alguém escreve sem despir a camisa? Será que o que oiço desse escriba que dá vida a palavras São bolhas de ar a flutuar Ou é ele mesmo um fanfarrão Que faz viver o que abala o coração? Dirá quem lê que é vaidoso Que gosta de brincar Que exagera nas figuras de desenha Mas pensará o leitor no gozo De quem vive a desenhar? É mesmo homem, menino mimado A quem o prazer gozado Sem saber explicar Sem como e sem porquê Pode divertir e dar gozo a quem lê Foto:  Why U make me so mad?! - DIPE ( olhares.aeiou.pt )

O APESSOAMENTO DA ESCRITA

Vesti o que não quis, nem olhei O que podia vestir não quis Só depois pensei Que ao vestir-me errei "Quis tirar a máscara Estava pegada à cara"* Na crosta de uma chaga que não sara Deitar fora a roupa não resulta Nem trocar o corpo e a cara Teria ainda que pagar multa Por vestir o que não quis Ou pelo menos porque o fiz *Álvaro de Campos - Tabacaria Foto: O poeta Pessoa - João Tavares da Silva ( olhares.aeiou.pt )

SIMPLICIDADE (sou simples)

Sou simples e vejo na tua imagem Reflexos, luzes de uma viagem E nos teus olhos, praias e mosteiros Campos de besteiros Defensores das flores da guerra Espadachins nobres e vaidosos No limiar da tua finisterra Confesso, que esses olhos me matam Me ferem os reflexos dos meus Será que pode ser assim sangrento Pode ser assim sedento Um olhar escondido na esquina Com o brilho do luar do teu? Sou simples e mais nada Nada me tirará de ti Ainda que seja ilusão de adolescente Daria anos, segundos e minutos de mim Iria longe no campo de batalha Ao longo e aos gritos da maralha Foto: O Cavalo da Batalha - Nuno Alves Pereira ( olhares.aeiou.pt )

... (e?)

E num relampâgo vi Que tinhas corrido mundo Que tinhas ido bem fundo Nas histórias que li Foto: Viagem a dois - Carla M Fernandes ( olhares.aeiou.pt )

POR ACASO OLHEI CÉUS VERMELHOS EM MENINO

Penteei o cabelo e olhei o céu Nuvem branca de neve entre os arraiais Sedentária, sexual, cigana Absorvendo os meus sinais Será aquele reflexo o meu? Cresci indígena entre trigais Por acaso olhei céus vermelhos em menino Dancei e corri arraiais Mas quis a graça E quis a vida que passa Que escrever para ti Fosse meu rubro destino Por acaso, mas só por acaso Não tenho medo Que um amor semente, flor e fruto Deixe um dia de ser um segredo Foto: Girl with bikini... - Ludgero Alexandre N. Ribeiro ( olhares.aeiou.pt )

POEMA ANIMAL (imcompleto)

Ruge e canta Senta e levanta Corre e dança Agarra e espanta Ladra e foge Morde e lambe Mia e refoge Gato que samba Pia e muge Ladra e bale Relincha no auge Serpente do vale Berra e triça Calhandra e rufa Sibila roliça Pavão de trufa Foto: Pavão - Silvio Leossi ( olhares.aeiou.pt )

MIL VIDAS E MAIS UMA

Digo eu, que não sou matemático Nem tal pratico Que viver mil vidas É pior do que viver apenas uma Pode haver mil sonhos desfeitos em vez de um Podes dormir mais de mil horas E perder mais de mil dias numa vida Podes ter mil formas e mil visões E somando uma por dia Podes em tristezas somar milhões Pode ser que a matemática engane a razão Que faça subtracções sem adição Pode ser que valha a pena viver mil vidas Mas seria triste, uma soma de tristezas Ter que sair mil vezes Ter que fazer mil despedidas Foto: s/t - Pedro Li ( olhares.aeiou.pt )

é nos discursos mudos que se ordenam as baladas

às vezes, muitas, é nas palavras caladas que nascem as madrugadas é nos discursos mudos que se ordenam as baladas é nos olhos e não em nada que se vêem os conteúdos é na teia do sonhar acordado que se olham os sonhos e as palavras mesmo que não sejam ditas ou mesmo malditas às vezes é tudo ao contrário às vezes é possível o poema outras o silêncio apenas Foto: ... entre quatro paredes de silêncio - Carla Salgueiro ( olhares.aeiou.pt )

MÁQUINA DO MUNDO

S erá no fim do fim do século Que esse amor verá luzes, estrelas e cometas Quando do tempo não houver memórias ou sombra E não puderes brandir a baioneta Mesmo que o tempo acabe Não acabará a história E na traição da memória Serás cinza, brasa e lume Em profundo silêncio o teu ciúme Vazia a moldura, ausente o lugar E uma ligeira névoa sobre a memória e a história Será só no fim do fim do século Que virão as cores Misturar os teus amores Porque tais coisas não foram feitas para os teus dias E… Mesmo que olhes o céu e sorrias Vale a pena esperar Se não esperares pelo fim do fim do século Será esse amor filho trémulo De um amor fraco da máquina do mundo Mais superficial que profundo Foto: Máquina do tempo - Marcelino Teles ( olhares.aeiou.pt )

EM VEZ DE NEVE FLORES DE ANIS

é hoje que nada fica como dantes que fico ás voltas nos caminhos dando-lhes um norte e um espaço para que caminhem sozinhos é hoje que ofereço às nuvens alguns corantes que pintem de azul os olhos cinzentos e façam cair em vez de neve flores de anis é hoje que faço as loucuras e colho os instantes que te canso de comtemplação que te faço aumentar a suspiração é hoje que nada fica como dantes é hoje que faço de conta que me embala uma música leve  tocada pelas ondas do mar é hoje que a posso escutar ao luar que me assalta a loucura e a razão e lutam com as minhas lágrimas rolando pelo chão é hoje que não se apagam as estrelas é hoje ainda que espero acordar de noite para vê-las será hoje que mesmo por breves instantes nada fica como dant es Foto: *** - Pretty ( www.photodom.com )