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A mostrar mensagens de setembro, 2009

A certa altura perguntei-me a mim próprio Porque é curta a vida e longa a tristeza Custa cavar o nosso terreno interior Descobrir a fonte do infinito fulgor

UM PRESENTE PARA ALÉM DO MAR

Poderia ser assim como um sopro de gigante Um sopro que faz mover um carrossel Se este sopro passasse os mares E ajudasse a apagar as velas Num bolo feito de mel Poderia ser um presente gigante Em forma de beijo de vento Se este presente passasse os mares E ajudasse a manter o sustento Desse carinho que me ensinares

A idade e o tempo

Era tarde e ele tinha já quarenta anos Deixara de ser jovem para ser homem E pasmou na orla das gentes E viu-a passar depois de não ter vida Lançou da sua estátua um olhar E da sua montanha um respirar Gozava a brisa que lhe dava a alma De olhar e respirar e deliciar-se com calma Olhar era quase um pregão silencioso Um pontapé na vacuidade Dessa treta que o tempo inventou A que dão o nome de idade

Caminhos Exteriores (II)

Durban, África do Sul (Porto de Durban), Junho 2009 Foto: Raul Cordeiro

Caminhos Interiores (IV)

Guimarães, Agosto 2009 Foto: Raul Cordeiro

A COMPANHIA DE UM VERSO

O meu relógio parou incerto Na hora do teu silêncio Tornei-me subitamente algo, uma coisa Não alguém Escravo da tua voz Indigesto personagem Extraviado, funesto Entidade irreal sombra da imagem Estou sempre triste É difícil ser culto e não ter indulto Mas oprime-me estar só E o inverso Vale-me o poema e a companhia De um verso

CHINELOS VELHOS E ROTOS

Levaram-me hoje a ver o mar Vi barcos vadios, parados E outros vivos apressados Vi conchas abertas e fechadas E peixes poetas das madrugadas Vi água e areias Pessoas gordas e magras Cantos e figuras de sereias Um mundo de imagens sonhadas Ouviu canções da espuma E fechei, criança, os olhos à bruma Vi nas pedras estátuas de arte e sal Pregadas no chão Arte de imaginação Vi figuras de espanto E chinelos velhos e rotos Andar vagaroso e lento De quem o mar sabe a pouco Foto: curiosidade canina - LadyBug ( olhares.aeiou.pt )

Caminhos Interiores (III)

Ponte de Lima (Agosto 2009) Foto: Raul Cordeiro

Normalidade

Vejo que se aprecia um certo ar de inteligência Mas nada me obriga a ser Inimigo da minha inocência E ser pau de obras de feições alheias Ou mera ideia química ou biológica A quem aplicam veneno Aranhas de outras teias Rendo-me à ciência racional De que para além da inteligência Ou aliás habita a inteligência Um instinto primário, gregário, animal Ou não fosse uma pessoa normal

Curtas de Verão (XII): Esculturas

Esculpi nesta alma podre e só Uma corda em forma de nó Devo ser alguém importante Porque à brisa de um vento suão Se desfez o nó e o dó Foto: Raul Cordeiro (Sé de Braga - Portugal , Agosto 2009)

Caminhos Interiores (II)

Miranda do Douro - Portugal (Agosto 2009) Sé Catedral Foto Raul Cordeiro