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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2008

FIZ DO TEU VENTO O MEU SOL

Descobri que no navegar à deriva Não há direcção Não há destino nem fado Fiz do teu vento o meu sol E do meu versejar Um linguajar afiado Descobri que posso gritar E deitar a voz ao vento E deitar a palavra ao chão Sei o que o tempo pode curar Mas sei que o vento não pode esperar Descobri que a minha voz ecoa Que posso cultivar silêncios Que posso cantar à toa E ver dançar os navios Descobri que o meu porto é no teu mar Que a minha pele está na tua casa Que a minha pena É apenas uma pena da tua asa Descobri que no navegar à deriva Não há direcção Não há destino nem fado Foto: My dream World - Ze Luis ( olhares.aeiou.p t)

O CORPO PELO FIM DO DIA

É já a noite do dia Devagar se sentem os pés molhados Imóvel serenidade da tarde Crepúsculo de intensidades Coisas saltam e pessoas roçam O corpo pelo fim do dia Na tristeza da alegria E se não houvesse montanhas a escalar Na escalada do dia Perderia o sonho a altura Perderia a noite o dia Se não houvesse verdade Nas histórias de saudade Seria apenas fantasia A saudade que sinto do dia Se não houvesse enigmas e labirintos Nem sonhos bem distintos Perderia o sonho a altura Perderia a noite o dia Foto: silêncio do corpo - Renata Beatriz Müller ( olhares.aeiou.pt )

O ÚLTIMO DIA

Hoje é talvez o último dia em que vivo este dia O dia antes de escrever a última poesia O dia antes de uma colecção de novos dias Um dia depois de truques e acrobacias Hoje é talvez o dia antes De uma colecção de dias Dos dias menos distantes Será o dia antes dos dias bastantes De dias de tristezas e alegrias Foto: what can you lose - ana dias ( olhares.aeiou.pt )

VENDA

Após contacto com mais de 20 Editoras em Portugal para a edição de um livro baseado nos textos deste Blog consegui ter 0 (zero) respostas. Fica a certeza que serás publicado quando te conhecerem mas que também só te conhecerão quando fores publicado. É a realidade... Por isso resolvi vender os textos deste BLOG em colectânea PDF. A quem desejar peço Mensagem para avidadaspalavras@gmail.com O preço estimado para cerca de 300 textos é de 10 €. Obrigado

O NASCIMENTO DE UM LIVRO

Pudera eu resgatar deste poema duas ou três letras E com formaria uma palavra com elas Uma palavras simples Da cor da espada do aguço de quem lê Uma palavra simples Da cor dos olhos de quem vê E das letras nasceriam palavras E das palavras histórias De folhas brancas derrotas Da cor das palavras vitórias E das vitórias gritos e honras Pela multidão de letras cativo De duas ou três letras E uma palavra simples Nasceria um livro Foto: Livro - Vitor M. Bastos ( olhares.aeiou.pt )

UM BANCO, UMA SOMBRA, UMA CENA, UM POEMA

Da terra onde me sento Na minha aldeia pequena Do tamanho de um mundo pequeno É o banco e a cena Sol ardente, sombra serena Sombra que destila veneno É pequena a arena Da praça e do coreto Mas grande o calor Que desfaz o meu esqueleto É pequeno o horizonte Como pequeno o olhar que lhe lanço Grande a árvore, pequena a sombra Veloz o seu balanço Apetece-me morrer e renascer E voltar a morrer e nascer Tantas vezes por dia Que a vida teima em negar-me Essa esperança amarga e vadia E olho pequeno o mundo De olhos grandes e risonhos Na esperança pequena da vida Porque grandes são os sonhos Foto: "banco de folhas" - Jorge C. Pinto ( olhares.aeiou.pt )

PREGADOR DE (in) VERDADES

Que te diz a voz da aragem Que te murmura esse grito de passagem Quantas vezes o vento passa por ti? Quantas vezes uma miragem? Que te dizem as palavras que voam? Memórias ou tempestades Ou apenas simples frases soltas Disfarçadas de verdades? Guarda esse rebanho de saudades Bem juntinhas em melodias Pinta de branco o caderno Pinta de verde os dias De azul a cor do céu Dá um toque de sátira E dá verdade à mentira Foto: Laurisilva - DDiArte ( olhares.aeiou.pt )

MANDAMENTOS

Não encontrarão aqui maldicências ou palavras vãs Não encontrarão distracção Mas sim imagens mutantes Não apreciarão detalhes Nem espero que se espantem Nem o espelho de quem escreve para quem lê Não encontrarão um fim Mas o espelho de quem lê Nem por vezes o início Não encontrarão gritos de alma Nem um verso factício Não encontrarão a palavra de quem mente Mas a palavra de quem sente Foto: sombras... deyvis malta ( olhares.aeiou.pt )

POEMAS DE AROMA SEM RIMA

São poemas de aromas os que tenho no meu jardim São danças de cheiros voláteis Rodopios de alecrim São doces cheiros de café e canela São pinceladas de manjerico Verdejantes na janela São cheiros e delícias da noite e do dia É o cheiro do luar que abafa a melodia Melodiosa a árvore e a folha Ao vento e sem medo Escondendo o seu cheiro No meio do arvoredo São poemas de aromas os que tenho no meu jardim São folhas de chá de lima Doce ou salgado Seco ou molhado Na chávena de uma lágrima São mesmo assim poemas de aroma São poemas de aroma sem rima Foto: Manto vermelho - Carlos Afonso ( olhares.aeiou.pt )

POEMA AMARELO

Serei por estes dias que nascem Pó da terra ao vento Um pouco de nada Um gostoso lamento Serei por estas noites que caem Luar de relento vivo Mistério do escuro Folha de Outono Amarelo cativo Serei por estas tardes frias Gelo a derreter de calor Pingo de chuva no teu nariz A sofrer a minha dor A ler o que o futuro diz Serei por estas manhãs de alvorada O romper da luz E o terno entardecer Da tua madrugada Foto: ~J - Luis Zilhao ( olhares.aeiou.pt )

UMA FESTA

Será luminosa e animada a luz Que acenderá cinzenta claridade Que reflectirá no teu rosto Terna e cândida verdade Será a tua face a máscara De sentimentos escondidos Teu sorriso e teu choro Ventanias de tempos perdidos Será tua a sorte que procurares Será teu o retrato que escolheres Será santo ou demónio O que tu fores e quiseres Alegrias, risos, choros e festa De viver, ser e saber ser Nada mais resta… Foto: Festa de Yemanjá - Mário Campos ( olhares.aeiou.pt )

FUI VER O VENTO, O AR E O MAR

Fui ver os ventos, o ar e o mar Olhar terras distantes daqui Logo veio alguém comigo conversar Das marés e dos peixes Das revoltas das areias De magias e sereias Fui ouvir a música da Lua E a luz das ondas Fui sentir a noite nua Sentir as conchas nos pés O sal no corpo Antes que o Sol se esconda Fui olhar as velas E a dança Abrir os olhos e a boca Como faz uma criança Fui sentir o meu corpo Marcado nos teus olhos Colher os búzios da praia Colher os restolhos Fui fazer castelos Voar os cabelos Deitar-me na praia madura E voar E eis o sonho de num instante Ir e voltar Foto: O SOL ESTÁ DENTRO DE TI - Rui Moura ( olhares.aeiou.pt)

SEI DE UM OLHAR

Sei de um olhar brilhante Sem princípio nem fim Que se deita no mar e me mata E dança á noite no meu coração Sei de um sonho de páginas Contrário à ciência Que vive quando finda a música Que gasta a minha paciência Sei da realidade Sei da verdade Sei da escrita e das vozes Sei do silêncio dos meus ossos Sei da minha almofada Sei que gasto o mundo As fraquezas e os colossos Sei da inquietude e da vaidade Mas sei também Que o tempo e a distância Não gastam a idade Foto: theres something in my nose - Daniel Oliveira ( olhares.aeiou.pt )

OUTROS LADOS DOS RIOS

Abandonei-me do outro lado do meu rio Fiz figas que não fosse verdade Pedi que fosse apenas um beijo Pedi que fosse delírio de desejo Não vi partir o barco Nem cheguei a por a flecha no arco Fiz-me forte ou fraco Transparente ou opaco Deixei feliz as velas ao vento Livres à espera do momento À espera do toque Do misterioso retoque Que um dia ao alvorar As leve de volta ao mar