Não resisti à força e espreitei O cantinho dos meus segredos O tremer dos teus medos Pensei encontrar por aqui alguém Mas procurei Mas não encontrei Vi rastos e pistas Mas só isso Nem um beijo ou desejo Nem uma palavra nem um verso Nem o inverso Mas ainda assim tive que espreitar Por esse buraquinho do céu Uma tentação Mais forte que eu Foto: ..... Dá vontade de espreitar - luis calado (olhares.aeiou.pt)
São só mais sessenta e cinco Do que trezentos dias Tarde demais para esquecer os momentos Para rasgar a oportunidade Nem vi o relógio Passar horas e melo(dias)
Não... Não digo, escrevo Escrever é assim com a segunda morada Não a última... O muro que protege da armada A areia que barrica o mar A seara que semeia o meu andar Pelos caminhos Calçada de vida e guarida Asfalto de corrida Pista de murmúrios Presente de augúrios Cavalgar de aromas e sensibilidades Disfarce das idades Companhia da longitude Elixir da juventude Mais que não seja das ideias... Engrenagem de pensamento Limpo e claro de areias Foto: na Seara... - Miguel Peixeiro (olhares.aeiou.pt)
E nasce assim um poema criança Pardo pelas palavras Um poema que dança Na beleza da alvorada Um poema de crença De palavras rejeitadas Um poema que a folha amansa Apesar de mal amada Nasce um poema Perfeito e desarvorado Salta a tinta Dilui-se a ilusão Suja a folha e a mesa Tatua a minha mão Marca a cadência Ignora a frequência Descansa a folha e a pena Em poesias pequenas E espera ao pino do Sol Por novas palavras Mais doces, mais amenas.
à sombra da tenda criada pela lenda sua o cigano a barraca remenda e nasce o engano nas patas do burro casmurro que teima em parar aiiiiii... e a noite de Verão que teima em chegar à sombra da lenda contada na tenda relembra o cigano seu estimado bichano que no pino do Verão se finou por engano de tanto trabalhar aiiiiiii.... e a noite de Verão que teima em chegar Foto: Burro lindo - João Matias (olhares.aeiou.pt)
Embrulhado na tua prenda De dedos na face e na venda Colhendo conchas e algas Vejo um dia liso como o lençol em que me deito Ao acordar E oiço a máquina do teu peito Perco o jeito Devagar…
Por mais que te ame E que sejas meu lema Não caberá o meu amor Na geometria de um poema Será impossível Encolher as letras e as frases Esconder que apenas um poema mente Será dificil Continuar ingénuo adolescente Quero-me homem aceso e maduro Impermeável à chuva do futuro Quero-te sempre princesa Rosto em tom de aguarela Reflexo eterno da minha janela Impossível olhar-te Sem abrir a boca de espanto Sem revelar os meus segredos À custa das unhas e dos dedos Foto: s/t - TIAGOXAVIER (olhares.aeiou.pt)
Sem freio e sem arreio corro campos e encostas Para vestir a vida apenas de corpo e meio Para vestir de belo o feio Saltos, palavras e corridas de fundo E tudo o que está existe só Rente aos olhos turvos do mundo Rente à corda e ao nó Rente aos olhos a flor e o espinho A nuvem e o caminho A cinza e o mar A praia e o luar Rente aos olhos meus os teus Rente aos olhos a árvore e o arado A serra e o machado A vida e a morte O azar e a sorte Rente aos olhos O homem e a mulher O prato e a colher As mãos e os dedos Os sonhos e os segredos Rente aos olhos teus os meus Rente ao dia a noite A chuva e o vento A boca e o sustento E rente aos meus olhos Uma mulher da chuva molhada Rente à minha boca fechada Foto: Apenas gotas de chuva. - Sérgio R. Moskato (olhares.aeiou.pt)
Descansam à espera do casamento eterno Sol e nuvens amam-se Entre os saborosos lábios do horizonte E a face da areia das praias do mundo Corpo alado na violência das ondas e do vento Grávido o mundo numa barriga de água de oceanos Que nasce em cada praia dos teus encantos E regressa ao teu mar nos teus prantos Sussurram as ondas nas rochas gritos incultos Na espuma borbulham tumultos No rodopio dos movimentos de amor Abre-se o corpo da terra Ao líquido do mar E à luz do luar E em amores e rodopios De água e luz Em movimentos e danças complexos Renascem em cada dia e cada noite Amores dos teus universos Foto: Graça Loureiro - ? (olhares.aeiou.pt)
Foi mentira e pura ilusão dos sentidos Não tranquei a porta de entrada Nem acendi as velas Decidir ir dormir Vi… Luzes amarelas A escuridão do ocaso nas agulhas de pinheiro Embriaguei-me primeiro Com a tua voz na entrada Com o cheiro da tua chegada Foto: RAPHAELA AMARELA - Malu Ravagnani (olhares.aeiou.pt)