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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2010

Espreita por aqui

Não resisti à força e espreitei O cantinho dos meus segredos O tremer dos teus medos Pensei encontrar por aqui alguém Mas procurei Mas não encontrei Vi rastos e pistas Mas só isso Nem um beijo ou desejo Nem uma palavra nem um verso Nem o inverso Mas ainda assim tive que espreitar Por esse buraquinho do céu Uma tentação Mais forte que eu

Há histórias fantásticas

Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos Num apeadeiro nas crateras da Lua Onde das estrelas caíam palavras Que faziam um texto de uma frase nua Onde, no Mar da Tranquilidade As pessoas perdiam a idade Onde não se criavam raízes E podiam ser eternamente felizes Onde por entre naves espaciais Voavam borboletas e flores magistrais Pássaros Fénix imortais E aí esperava por ti Da tua carreira regular de Vénus Com escala breve por aqui Fato espacial branco cru Por cima de um corpo nu Olhaste e vieste a mim Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano Que só mudavam de cor nas estações siderais Onde o tempo era imponderável Mas o solo pouco arável E por isso as flores cresciam no ar sem ar E não podiam parar a idade Nem a força da gravidade Foste breve no olhar mas lenta no respirar Rarefeito o ar e o teu escutar Tinhas pressa do espaço e da sua arte Das velocidades de anos-luz Dos cruzamentos com Marte De um voo espacial nocturno Com passagem por Saturno Pressa a amores se

Poema Nuvem 1

Aprendiz

Hoje é um dia qualquer de uma semana qualquer Há rectas e curvas nos horizontes que me contornam E riscas brancas nas estradas que me adoram Existe em mim uma aura de piloto do tempo De dono da estrada e no entanto choro feliz O passatempo de chorar E ser ainda da vida um aprendiz E de mim próprio fraco juíz

No rasto de um lindo avião

Dançarino do horizonte Deixei atrás de mim vários ontens Não sei como cresci Ou até se comi o algodão doce das nuvens Dos sóis que percorri Ou do chão Se um dia novo nasceu para mim No rasto de um lindo avião Isso é história que não conto De um dançarino no chão Com os olhos no avião

Eu mesmo

Queiram ou não Apetece-me hoje ser um pouco Gedeão E pouco eu próprio Que não vale a pena, não levem a mal Só vão compreender-me Lá para o ano três mil e tal Se nem eu próprio hoje e agora Me compreendo afinal E assim um sentimento anormal Pessoal e intransmissível Maior que todas as minhas partes Mas menor que a maior das minhas artes Ser eu Ou pelo menos o “eu” possível

Fórmulas

Há assim algo de incontável Entre o tempo a distância Como se o tempo fosse o modo E o longe a substância Bastam um milhar de minutos e mais um quarto Para ser difícil esperar Para ver que o tempo é mais que um período E a substância este nó na garganta Que nasce ao respirar Podíamos até fazer uma conta simples Substrair antes de somar E se tiramos a distância ao tempo Estaríamos perto de amar

"o momento"

é relativa a felicidade e pouco moderado o prazer ausente a liberdade mas prazeroso o momento é disciplinado o rio mas tranquilo o desejo e silencioso, de ferro, o lamento é traidora a idade mas impulsivo o meu ser perfeita a noção de estética e medida mas racional o meu beijo míseros os meus bens efémeras as roupas curtas as tuas vestes longas quando as despes demais as penas que te vestem pobres e geladas as mãos distantes os olhos que te despem

Delírios Curtos

p orque tarda tanto o teu amanhã? porque te sonho? porque és dos meus sonos a guardiã? porque me oponho? porque existe este rodar de universo? porque existe um dia inverso? porquê essa linha de sul e norte? porquê essa sorte?