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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2011

ursinhos de peluche

Gastamos tanto a pensar Que até encontramos lobos Onde há ursos de peluche Esbanjamos instantes Na água do duche Como se a manhã não existisse E fosse apenas um momento distante Não há outros momentos Nem outras horas Nem outra energia Nem momentos aflitos E é agora a prova, diplomacia Gerar consensos Não conflitos

O poema do poeta (republicação)

O poeta tinha uma caneta, uma folha e um livro O poeta tinha uma folha do livro O poeta tinha uma caneta que escrevia O poeta tinha um livro que só lia de dia O poeta tinha uma caneta que escrevia numa folha Que era do livro que só lia de dia E o livro tinha uma folha que só se lia Quando o poeta queria Era a folha de um livro escrito por uma caneta Que quando era de noite simplesmente não escrevia E nas sintaxes que compunha com a caneta Nas suas mãos o poeta o seu livro sentia E nas linhas com que a folha ficava Lia-se o texto que o poeta ensaiava O poeta tinha uma caneta, uma folha e um livro O poeta tinha uma folha do livro E eram as linhas das folhas do livro Que faziam o poeta vivo O poeta tinha uma caneta que escrevia Um livro que o poeta só escrevia de dia

ao FADO

peitos e iscas

É justo e direito Que cada um traga no peito A isca que merece Não é justo Não faz sentido Que o meu sol respire a tua voz  Se esgueire pela porta E fique eu sem saber de quem é o beijo que escuto no ouvido?

Há apenas uma imensidão de lagos transparentes

Entre querer e poder Há apenas uma imensidão de lagos transparentes De silêncios e verdades De hesitações  Entre querer e poder há um tempo Que se fechou em armários Entre fotografias e verdades Entre querer e poder há uma lei Inexorável A lei do tempo De papéis velhos sem cores nem rei Dos restos do momento Entre querer e poder  Há uma imensidão de lagos transparentes E um lamento Foto: João Carvalho (A caminho de Fátima, Setembro de 2011)

Obrigado João

Há histórias fantásticas (republicação)

Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos Num apeadeiro nas crateras da Lua Onde das estrelas caíam palavras Que faziam um texto de uma frase nua Onde, no Mar da Tranquilidade As pessoas perdiam a idade Onde não se criavam raízes E podiam ser eternamente felizes Onde por entre naves espaciais Voavam borboletas e flores magistrais Pássaros Fénix imortais E aí esperava por ti Da tua carreira regular de Vénus Com escala breve por aqui Fato espacial branco cru Por cima de um corpo nu Olhaste e vieste a mim Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano Que só mudavam de cor nas estações siderais Onde o tempo era imponderável Mas o solo pouco arável E por isso as flores cresciam no ar sem ar E não podiam parar a idade Nem a força da gravidade Foste breve no olhar mas lenta no respirar Rarefeito o ar e o teu escutar Tinhas pressa do espaço e da sua arte Das velocidades de anos-luz Dos cruzamentos com Marte De um voo espacial nocturno Com passagem

amor encarnado

No dia do decreto de ofício Em que me calhar em rifa ser votado ao sacrifício Ser comido por bichos não! Quero três coisas Para além de todas as outras Ser mandado ao vento suão Um terço, no montado de sobro mais fresco que houver Na seara se não houver Outro terço, ou um pouco menos Nas águas das ribeiras que se entrecruzam E o terço que falta, ou um pouco mais Se puder ser Se houver dia No corredor do lado esquerdo Onde jogou Chalana ou Di Maria