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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2008

DESCOBRI QUE AFINAL ERAS UM PEIXE VERDE

F oi preciso espreitar a janela E descobrir que tinhas asas Que eras cidade de castelos e ameias Que eras morada da minha cela E que dentro do teu lago germinavam peixes E nadavam plantas E acalmava o teu silêncio E estremeciam as folhas do meu poema Escritas a medo em papel corredio Descobri que tinhas sombras nos olhos Um olhar fugidio Uma saia de folhos Mas um corpo baldio Descobri que eram verdes os teus cabelos Ou seria ilusão dos meus De tanto tempo sem vê-los? Descobri que eram macias as tuas colinas Quieto o teu rio Margens estreitas Leito selvagem de lágrimas salinas Descobri que o meu mapa era velho Estava ao contrário, do avesso De pernas para o ar Gasto de tanto sangue vermelho De virar e virar De tanta lábia e conversa Descobri que afinal eras um peixe verde Deitado num tapete persa Descobri que podes gostar de ti como eu E vice-versa Foto: ... - Sara Sa ( olhares.aeiou.pt )

CLITIA E APOLO ( a história do girassol)

R eza girassol Pela alma do Sol E viram e reviram teus olhos E olham para os lados e para cima Com olhos de malmequer gigante E corpo fino, elegante Que do amado te aproxima Deu-te Clitia a vida e te segurou ao chão E sobre esse corpo giras Disfarças, magro, a solidão E sobre ele pairas O olhar e o corpo torcido E à noite no teu gemido Cai-te a cabeça a chorar De mais um dia esvaído Foto: Girassol - Alba Luna ( olhares.aeiou.pt )

POEMA DE INDECISÃO

S e houvesse nos teus olhos um pouco mais de Sol, um pouco de chuva, um pouco mais de vinho, um pouco mais do açúcar da uva. Podia beber-te e saborear-te. Se não fosse só ilusão a tatuagem na sombra da tua mão, o delírio em que despertas e corres para mim na bruma, Podia mergulhar, nu, na tua espuma. Se não tivesse falhado todos os semáforos verdes da estrada, e desbaratado todos os amarelos, Seria agora livre. Se tivesse partido as algemas e roído as grades, e olhado os precipícios com sangue de herói, Seria agora um beijo a voar. Se tivesse acabado tudo o que comecei, beijado o que não beijei, se tivesse visto o Sol mais cedo, Seria agora um desvendado segredo. Foto: Polyommatus icarus - Rui Cardoso ( olhares.aeiou.pt )

VIDA DE ATADURA

Faz tudo como quiseres Mas,... Desce os degraus da fantasia Desliza vão acima pelo varão da agonia Desperta a loucura Desbrava a carnadura E,... Ensaia comigo os passos da magia É que essa vida de atadura De maldita bezedura De novas e chatas preces Está a deixar-me louco E,... Até o dia me sabe a pouco Foto: Preso em ti... - Rui Pedro Queirós ( olhares.aeiou.pt )

POEMINHA INCOMPLETO

De todos os gritos que oiço Aflitos são os teus Que abafam os meus Pois o silêncio de quem ouve É apenas incompleto E o silêncio de quem grita Não se declara por decreto Foto: Alma incendiada... - helena margarida pires de sousa (olhares.eiou.pt)

EM PROSAS E TRABALHOS PROFANOS

Gelam as almas e os corpos Cansa-se a vida dos desenganos Viver apenas de esperança Tela dos teus segredos Ganhar a jorna do suor pingado Em prosas e trabalhos profanos Viver a tua lembrança Esquecer os meus degredos Nunca dês o meu nome a nada Nem a mim chames maior Respira-me na tua alvorada À luz de um Sol menor E sem pensares muito De tudo o que não te fiz Atira o sonho ao vento Mas fecha as mãos no momento Foto: Unopen - Diego Freitas ( olhares.aeiou.pt )

TU, MINHA SIMPLES NOITE (XII Concurso Luso-Poemas - (N)a escuridão da noite)

Se fosse apenas mais simples Viajar pelo campo das tuas flores E inconscientemente esmagar as minhas dores Não estar amarrado à loucura dos sonhos Mesmo que eles mudem em cada noite, em cada colina Mesmo que os erros sejam o meu açoite E seja cego n(a) escuridão da noite Mesmo que seja noite de tempestade E os relâmpagos sinais de vitória Mesmo que escureça antes do fim da nossa história Seja o amor amargo Que eles nos abandone frios no breu Que não compense a viagem De mim para ti Estimo os intervalos curtos dos trovões de Agosto Lava a chuva o teu e o meu rosto Lava o sono e deixa os sonhos Mesmo que os erros sejam o meu açoite E seja (eu) n(a) escuridão da noite Mas acordado e desperto À luz do teu excerto Foto: Pássaro da Noite - Margarida Araújo ( olhares.aeiou.pt )

NÃO BASTA... A LOUCURA

Não basta abrir a janela E ver que não chove E ver que o mundo se move Não basta partir com o olhar As muralhas da cidadela É preciso sentir a pedra O frio e o luar Não basta por os pés no chão frio Se não aprendes a caminhar Se o tempo te cheira a bafio Não basta ver os outros Em território baldio Não basta ver no espelho A imagem que queres É preciso que outros vejam A magia de seres Não basta seres homem ou mulher Não basta fintares o engano E esconderes as lágrimas De um jacto artesiano Não basta seres só tu E o teu segredo arcano Não basta ser assim louco Pois ser louco Neste mundo já é pou co Foto: trono voador - Airam-Xu ( olhares.aeiou.pt )

QUATRO CENTENAS DE PASSOS

Talvez tenha caído  Num buraco de traços Num traçado intrincado Depois de quatro centenas de passos E de forma desconhecida Tenha numerado as cores por números E as tenha pintado fora da vida Enquanto eu, como uma criança Tenha preenchido a vacuidade  E afagado a vaidade Não importa agora  Se usei golpes corajosos ou cores selvagens Se preencho todos os espaços em branco Se fui filme ou cinema Revista ou jornal Prosa ou poema A clara ou a gema Se fui história de acordar ou de dormir De prender ou de fugir Se fui mar ou porto Praia ou lodo Se riste ou choraste Se calaste ou falaste A tua fala ou a minha  Se percebes o esquema Se gostas de ler esta linha Continua este poema Vai... Foto: wheel of the bicycle - Miguel Afonso ( olhares.aeiou.pt )

PRESSÁGIO A RIR

Nefasto o teu rasto Sereno o meu passo Sorriso rasgado Enquanto me afasto Bem sei que não me queres Não sei o que queres Sei que te sou mesmo nefasto Por isso saio calado Ri... Ri enquanto podes Esse riso enjaulado Ri do teu olhar Do teu rasto apeado Ri... mas suave Ri enquanto podes rir Antes que o teu tempo trave Aproveita agora para rir Que o pior está para vir Foto: Sorrisos, precisam-se... - António Fonseca Ribeiro ( olhares.aeiou.pt )

TROCAS DE PALAVRAS

Ora agora digo eu Ora agora dizes tu Ora agora digo eu Razões da razão que morreu Falas e nada dizes Dizes e nada falas Disparas em poucas palavras Palavras que são balas Quanto mais falas menos dizes Menos te ouvem Menos te querem Mais confundes o céu com a nuvem Pára, olha, escuta a lembrança Respira fundo E avança Foto: Pedidos aos deuses - Raul Cordeiro ( olhares.aeiou.pt )