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A mostrar mensagens de julho, 2009

poeta pequenino

Ainda o Sol não era Sol E já fazias das palavras estrofes Poeta ingénuo avelho Poeta emprestado ao fim de semana Armado em Pessoa, Régio ou Gedeão Armado ao pingarelho Poeta de poemas escritos na cama Pensados, ditados e escritos de supetão De maldizer e meter o bedelhoT entaste escrever poemas sem palavras Pensaste que deles jorrava sangue Pensaste até que limpando as palavras nasciam outras Mais doces, mais poesia Mas de repente fez-se dia

DIAS DE ÁFRICA (na sequela da minha viagem)

Corta as nortadas o fumo do cachimbo Liamba da alma feita ar Desperta o chocolate negro da pele Abafa a guerra e o fel É a saudade errada dos sabores errados Um cheiro de vapor e sabor a coco Um grão de areia do Lobito Um sabor de cachimbo que sabe a pouco Um mar que dá o dito por não dito Corta o vapor a casa do homem e da impala Derrama-se na savana a saudade E os livros de infância Que carrego na minha mala Mais que pouca-terra Vejo muita terra e pouca fala Fere o cachimbo o sol e o mar Fere o sabor que é meu Por terras e mares e savana Ditadas por Bartolomeu E vencidas por Gama És tu quem me fez És tu quem me chama Escrito em Durban - África do Sul (28/07/2009)

POESIA DO NADA E DE COISA NENHUMA (Reedição)

Só me ocorrem rimas pobres sem sentido Que falam de quase nada Como me sinto perdido, desnorteado Fico desesperado Quero escrever e não penso em rima alguma Não olho outra solução Senão escrever sobre coisa nenhuma Da poesia vejo a espuma Que sobra da lavagem dos dias Espuma suja das vidas lavadas Pobres, algumas não rimadas Como esta pobre poesia Que fala de coisa nenhuma Pode-se ler ao revés Ou então de cima abaixo Não vão encontrar nada que rima Ainda que a leiam de baixo a cima Fico mesmo sem jeito Ao escrever esta enormidade Ainda que seja verdade E que lhe possa espremer a espuma Este poema fala mesmo de verdade De nada e de coisa nenhuma.

OUTRAS POESIAS (Variações cantadas)

No tempo em que falavam os risos Lá longe nas origens Era o vento norte E a chuva sorte No tempo em se estendia a roupa ao luar Sem medo ou companhia Podiam rasgar-se os desejos Que havia de nascer poesia Nos tempos em os sonhos também sonhavam Não abalavam a fé Oscilavam os barcos e rasgavam as velas Mas era certa a maré Nos tempos em que as armas eram pólvora seca E não rompiam silêncios Doía o tempo Escorregava a inocência Sobrava a verdade Mas faltava a vontade Nos tempos em que os sonhos sonhavam Não abalavam a fantasia Oscilavam os barcos e rasgavam as velas Mas nascia poesia

DOIS ANOS DE VIDA

A Vida das Palavras comemora hoje 2 anos de postagens regulares. 600 Posts, 60.000 visualizações, mais de 1000 comentários, 70 seguidores regulares e muitos leitores anónimos deram VIDA às PALAVRAS . A nossa vida continua... E a das Palavras... PARABÉNS A TODOS OS LEITORES

DUELO AO SOL

Perenemente escritas no livro do tempo Namoram, casam e morrem em movimentos colectivos Palavras escritas em dueto Na água e no azeite das folhas de um livro Dualismo que se mistura e se conjuga Se transforma em pluralismo aditivo Estilos marcados pela diferença Líquido, sangue vital da mesma crença Em comunhão secreta com a mesma paixão Separados os mundos mas unidos os sóis e as luas Paixão levemente traçada pelo dedo de quem as escreve Ou pelos olhos e os sentidos de quem as bebe Soltam-se os estilos, soltam-se as diferenças Em páginas virgens, cruas Mas é nas semelhanças que se encontram em harmonia E nas diferenças que escrevem um novo dia Raul Cordeiro e Renata Correia
Durban - África do Sul (Julho 2009) RC Salão de Cabeleireiro no Mercado de Durban

LIMA-LIMÃO

As palavras que usas para mim Sabem a lima-limão Não que seja necessariamente mau Gerir vontades assim Mas amargam-se na boca as frases Ficam as sílabas roídas Tornam-se os parágrafos vorazes E as folhas dúvidas Aclara essa voz Limpa suave a ponta da pena Que pena de uma pena Só tem quem não tem voz Grita, esbraceja, vocifera Dança, salta e foge Que para além da tua estratosfera E antes de amanhã Ainda há hoje Foto: limão - isa p ( olhares.aeiou.pt )
VENEZA, 2009 RC

SEDA...

Era teu esse corpo à beira-mar vaso das ondas Linda, graciosa ao luar matutino De seda a espuma e os teus cabelos Azul a água e o teu destino Serias a onda da minha praia Seria eu a linha da tua saia E desfiar-me-ia lentamente em novelo Num movimento em silêncio paralelo Livres as prisões e as costuras Livres os braços e as ligaduras Vou abraçar-te nua No testemunho da lua Será seda a tua saia? Será solta a linha da cambraia? Será só um sonho sedoso? Ou um poema amoroso? Foto: paulo coimbra amado - Vestido do Mar ( olhares.aeiou.pt )

O REGRESSO: DEPOIS DE DURBAN

Nasce o Sol já alto à hora desejada Cubata à sombra armada O Índico ali tão perto na lagoa Ensaiando nas ondas os versos de um menino Pessoa É negra a cor da multidão Mas vermelha a cor do chão É de cor a pintura Dissolvente de tensões e loucura É tarde no mundo mas cedo na tua ternura África, o centro de mim Macia, tenra, criadora assim Tem dança na música E música na dança Aviva a memória e fere a lembrança Dos Gamas e Dias De outros dias, de outra andança É tu mãe savana Em que este poema se inspira Que a minha pena ama