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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

s/t

Agora que a meu favor tenho o vento Não colho tempestades Nem aparo veleidades Há tapetes que se estendem E se puxam quando as mentiras Suplantam as verdades

TORGAndo

Haverá ainda neste mundo Algo que anime mais a alma Do que um sonho Sonhado com calma Sonhado e pensado Se colhe assim nos sonhos O futuro Puro e impuro Mais escuro que um muro branco Mais alvo que um muro escuro Por vezes é bom “torgar” E manter desperto E manter o futuro Puro como um deserto ? Ou ser poeta atrás do muro Só e encoberto? Ou na ribalta Nu e descoberto * Miguel Torga (Confiança)

Mudança

Foto: Raul Cordeiro Era um homem simples Que onde tocava a sua mão Em lugar de um desejo Suava realização Era um homem simples Que parou E olhou e avançou Era só mais um homem Que o futuro assombra A quem a vida pede Que haja e pense Mais depressa do que o Sol Formata a sua sombra

golpe de asa

Foto: Raul Cordeiro Se olhares bem Verás que rasgas a pele Antes de chegar à janela E olhas pela vidraça Uma rua sem ninguém E que depois de olhar A rua ri primeiro Que a tua face O teu esgar E que te turva a vista Que não há rasgos Nem cidade Nem idade Nem caminhos a meio Nem saudades de casa Nem telhados Nem pássaros Nem golpes de asa

Poderá algo domar este desejo insondável?

Poderá algo domar este desejo insondável De uma mente Gasta e cansada de hipocrisias Que contra si atentam? Desejosa de novos rios Ávida de desafios De sorrisos nos lábios e futuros sábios Será assim tão difícil mudar o mar E prender as marés? Quem avança e cala as vozes tristes E a fúria? Quem faz abrir o dia Quem? Quem quiser que dance E avance

às vezes há tardes

Foto: Raul Cordeiro Às vezes há tardes que os meus braços Não conseguem abraçar E um grito surdo dos jardins onde passo Há tardes em que levo a chuva no regaço E grito sem a espada desembainhar Enrolo-me sossegado no meu encanto Respondo a mim próprio Falo para dentro E fica mais longínqua a aura do meu canto Precisamos de rosas, espadas e açoites Para fazer da tarde manhã Para fazer de hoje amanhã

Medidas dos dias

Foto: Raul Cordeiro Voltam os poemas ao meu chão De forma fixa e ladrilhada Como uma figura geométrica Que mede os dias De nunca acabar É neles que afago o ego Que olho as estrelas Que me afago e aconchego São só palavras, eu sei Entretenga da alma Mas são eles os meus dias Da minha mente A calma Os esquemas Os meus poemas