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A mostrar mensagens de maio, 2008

FIADOR DE SENTIDOS

Este é um poema sobre tentações. A tentação é um estado sublime entre a sobriedade e a embriaguês. A tentação está por aí, algures no meio de tudo. Pensei que poderias ser a chave Que balança hesitante no colo da minha fechadura Escolhi as tuas balas para ferir a minha armadura Colhi as tuas balas na minha boca Ingredientes doces e salgados Chumbo, cobre, doce de amargura Decidi ir ao norte numa viagem louca O pensamento foi o modo mais fácil de ser De matematicamente entender O desvario e a loucura Sou afinal uma semente vazia Fruto podre da minha ditadura Sem folha, flor ou fruto Fiador de sentidos e delírios despidos Infantil, irresoluto, invisível e inodoro soluto Não posso ainda perder-me na abundância do dever Nem brincar com a idade Ou atropelar o minuto Isto não é sobriedade? Foto: NÃO ABLA NÃO MEXE - jose ferreira ( olhares.aeiou.pt )

AGRADECIMENTO

15000 Visitas Obrigado a todos os que têm a gentileza de fazer deste espaço um dos seus locais de visita Seriam precisas várias vidas para agradecer a todos Muito Obrigado

PINTOR DE ARCO-ÍRIS

Se pudesse tocar nesse arco-íris vizinho do meu Sul Se pudesse construir uma montanha pintada de azul Agarrar aquela nuvem e pintá-la de amarelo E lançar num ar de vento o seu novelo Se pudesse esvaziar o mar e o céu e mudá-los de lugar Poderia no céu navegar e nadar no que é meu Seria peixe no céu e ave no mar Seria pintor de arco-íris de cores vivas Artista de malabarismos e sonhos Rabiscador de telas nativas Se pudesse tocar nesse arco-íris vizinho do meu Sul Se pudesse construir uma montanha pintada de azul Agarrar a terra toda de uma vez e mudar o Norte Pôr África toda na Noruega E esperar tranquilo a refrega Ver crescer a serenidade do mundo Nem que fosse só por um segundo Seria herói para uns e vilão para outros Seria Nobel da fantasia Rabiscador do futuro de um dia Se pudesse tocar nesse arco-íris vizinho do meu Sul Se pudesse construir uma montanha pintada de azul Se pudesse… Foto: Colorido - Bety Dimant Assumpcão ( olhares.aeiou.pt )

HISTORINHA D´ELA

Ela era... uma vez Teimosa, persistente nos porquês Ouvia o que não era e o que não queria Nem sabia o que magoava Quando a sua caneta afiava Disparava em todos os sentidos Projectava no mar as palavras E esperava que os enganos Atravessassem oceanos Queria ser descoberta E viajar nas minhas viagens Contornar as minhas margens Dura, firme e doce Mal fora que não fosse Senhora dessa parte de si Que esconde atrás da sua doçura Embrulhada como prenda mistério Em cartão de face dura Ela era... uma vez Menina mulher Foto: Dá-me a mão - João Viegas ( olhares.aeiou.pt )

DA MINHA SEARA APENAS O RESTOLHO

Quem ler hoje o que escrevi Quererá ver o que vi Saberá o que li Mas não como vivi Deitar-se-à a adivinhar Os olhos e o olhar Os sapatos e o andar Mas não o caminhar Saberá a cor do olho A pestana ou o sobrolho Mas da seara apenas o restolho Saberá a escrita feroz A palavra veloz Saberá o timbre e os nós Mas não a voz Cultivará a adivinha Palácio ou casinha Histórias da carochinha Mas não saberá a minha Verá imaginado ser De altivo bem parecer Mas não saberá o mais simples Do sentido o simples ser Foto: Ladybird - Ellen van Deelen ( photo.net )

O INVENTOR

Não peço desculpa Mas reclamo para mim a verdade De pensar e escrever no ar e no pensamento De na minha ausência Inventar palavras de inocência Escrever a verdade Sem cair nesse buraco negro Da banalidade De escrever com o sentido De querer escrever para viver E não para ser lido De ser cirurgião das palavras E operar os meus textos com pinças E naquilo que seja tolice Retirar o apêndice E guloso da poesia Deixar a palavra ir e o texto fluir Pretensioso? Não, apenas cioso Foto: Desisto! Vou-me embora... - Mafásiras ( olhares.aeiou.pt )

PEDIDOS AO MAR

Foi aquilo apenas uma miragem de viagem Ou estavas nua na praia da tua rua Estava sentado a teu lado E a areia e o vento tocavam os meus pés Numa praia que flutua De ventos ao invés As gaivotas pressentiam a tempestade do teu beijo Ou era apenas um desejo? Posso pedir mais do que apenas as ondas Posso pedir o teu mar Posso pedir para me afogar Posso pedir mais do que apenas a areia da praia Posso pedir para desabotoar esse vestido de cambraia Posso pedir apenas a carícia Posso esquecer a malícia E ser apenas eu… Ou então… Posso pedir apenas o mar E uma jangada para o atravessar Foto: Concha no banho - João Godinho ( olhares.aeiou.pt )

ESPERA MENINA, PELO BARULHO DOS GUIZOS

Espera menina Não partas ainda que a poesia não finda Espera menina Pelos olhinhos que te faço Espera menina Pela estação infinda Espera menina Prepara o teu regaço Esquece os risos e os sorrisos Esquece o tempo em que tivemos algum tempo Escuta o barulho dos guizos Esquece o mau e o bom Esquece o choro e a lágrima Escuta a canção e o tom Esquece os beijos Esquece o medo e o segredo Esquece os desejos Espera menina Enquanto exploro e desbravo o arvoredo Espera menina Foto: this is what i'm going to do to you if u don't... - Lagrymata (olharesa.aeiou.pt)

ACONTECIMENTOS DA SOLIDÃO

Uma folha solitária Numa árvore solitária Vento Uma árvore solitária Numa floresta solitária Tempo Uma floresta solitária Num país solitário Lamento Uma nação solitária Num continente solitário Sedimento Um continente solitário Num mundo solitário Advento Uma cidade solitária Uma pessoa solitária Acontecimento Foto: Ouro em azul - José Luís Mendes (Zé Luís) ( olhares.aeiou.pt )

MUDA A RIMA, MUDA O POEMA

Muda a linha Muda o poema Muda a poesia Muda o problema Muda a rima Muda o plano Muda a lágrima Muda o fulano Muda o significado Muda o sorriso Muda o passado Muda o siso Muda o futuro Muda a gente Muda o seguro Muda o presente Muda tudo Mudamos nós Muda a corda Ficam os nós Foto: Something's Missing - Raul Alexandre ( olhares.aeiou.pt )

O RUMO DAS BORBOLETAS

Dança comigo até ao fim desse amor Traz-me som dos campos de violetas Faz-me sentir doce pelo teu sabor Mantém-me ao corrente do rumo das borboletas Faz-me curvar perante as tuas ranhuras mágicas Como uma flor se curva ao vento Agita em mim o som das guitarras Faz sorrir, gritar e cantar Beija-me como um clarinete nos lábios Alimenta o som do canto da cigarra Sente os meus passos na tua magia Canta-me suave, diz o meu nome Canta-me uma melodia lisa, mesmo sombria Ensina o meu segredo à tua melodia Foto: Windsurfing floral - Leon Bojarczuk ( olhares.aeiou.pt )

4 ELEMENTOS

Por cima desse mar oceano onde se põe a onda Uma esfera cor de prata cai no peito do mar Com lanças que descem de dentro da fogueira redonda Do fogo do ocaso de cada alvorar Na chuva, na neve, na terra, no fogo e no ar E na incandescência da tua luz Esperas o ocaso ao acordar De um dia que mesmo triste te seduz Escuro, breu, frio no quente dos teus lençóis Claro, alvo, quente e branco o teu sentir Na tua janela pouso de rouxinóis O altar de um mar de luar por descobrir Foto: Redemption - Jingna Zhang ( photo.net )

DELÍRIOS CURTOS (X)

Ouvi uma vez uma fábula sobre a viagem do Sol Encontrou a sua fonte, voltou a casa E a lua sem o seu amante chorou de olhar fixo, quente Choramos quando a luz não aquece os nossos corações Murchamos como campos secos se alguém fecha a chuva Foto: lá no alto só vive o azul - paulo cesar ( olhares.aeiou.pt )

PÓ FRÁGIL

No princípio não havia pensamento além das coisas do momento. Havia liberdade para ver os pensamentos mas não para ser pensamento. Mas os pensamentos não são como eu que sou apenas uma parte da árvore onde nascem os teus poemas. Os pensamentos vão mais além da floresta. O que nos guarda vivos, o que nos permite viver? Há outro mundo além deste de pó frágil? Podemos requentar a nossa vida e voltar a saboreá-la? Deve o nosso instinto ser ágil? Devemos nutrir esperanças em vão? Lutar explica tudo e vence o mal? Mesmo o volume selado fechado do teu mistério? O tempo quando avança guarda a memória do seu passo habitual? O tempo nunca encontra um lugar para descansar a dor? As flores morrem indignas de uma segunda Primavera? O Homem… Não é seguramente uma flor inferior? Foto: ...playing games... - carlos peres ( olhares.aeiou.pt )

PARADIGMAS DO OCEANO

Os paradigmas do oceano Dissolvem-se nos meus olhos Quando olho para bem longe Para lá de onde acaba o azul e começa o horizonte Bem linear e espartano Mas os meus olhos voltam sempre ao cais Onde procuram os teus E quando eles se encontram Entre vagas transversais Nas franjas de um oceano eterno Afogam-se juntos em lágrimas Na espuma de uma qualquer costa Na areia de uma qualquer praia Sem geometria ou governo É um olhar molhado que ensaio Com a humidade do nosso suor Salgado no nosso lábio Um olhar que quando acaba Deixa a costa de soslaio Ou me envolve nas suas profundidades Para sempre Foto: Life Guard - Coast Guard Beach - Richard Lalonde ( photo.net )

HÁ HISTÓRIAS FANTÁSTICAS

Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos Num apeadeiro nas crateras da Lua Onde das estrelas caíam palavras Que faziam um texto de uma frase nua Onde, no Mar da Tranquilidade As pessoas perdiam a idade Onde não se criavam raízes E podiam ser eternamente felizes Onde por entre naves espaciais Voavam borboletas e flores magistrais Pássaros Fénix imortais E aí esperava por ti Da tua carreira regular de Vénus Com escala breve por aqui Fato espacial branco cru Por cima de um corpo nu Olhaste e vieste a mim Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano Que só mudavam de cor nas estações siderais Onde o tempo era imponderável Mas o solo pouco arável E por isso as flores cresciam no ar sem ar E não podiam parar a idade Nem a força da gravidade Foste breve no olhar mas lenta no respirar Rarefeito o ar e o teu escutar Tinhas pressa do espaço e da sua arte Das velocidades de anos-luz Dos cruzamentos com Marte De um voo espacial nocturno Com passagem por Saturno Pressa a amores se

REFLEXOS DE UM QUALQUER SENTIR

Sei que tu sabes que eu sei que sabes como é… Se olho os teus vidros cristalinos eles reflectem ramos vermelhos No Outono lento na minha janela Se toco o teu fogo de perto, bem pertinho Logo se te enruga o corpo de medo Bem franzininho Se descubro os teus aromas, a luz e os metais Logo se vai o segredo Num rumo louco para as tuas ilhas marginais Às vezes penso que posso ser louco e ficar abandonado na costa Mil dias á espera da resposta Mas aí penso em velas e barcos Em mares e ares Nos teus lábios a buscar-me No teu nome a chamar-me No meu amor-próprio Reconheço, pouco sóbrio Repito e reacendo os meus fogos interiores Ligo os meus internos extintores E parto á procura do motor e do sensório Dos gestos correctos, dos pensamentos Do real pouco ilusório Duma palavra ou um aceno de momentos Para que possas ver e compreender Os medos que hão-de vir E mesmo assim possas continuar a ler este sorrir Foto: Reflection - Robert Sulintan ( www.pho

AI OS SONHOS, OS SONHOS

adormeço sossegado nessa palha de centeio com teus braços abraçados pelo meio durmo e durmo e sonho e sonho e oiço os teus murmúrios risonho engraçado, falas a dormir às vezes até me fazes rir vives e contas histórias fantásticas em sonos de horas esquemáticas só não percebi se sonhas comigo se esse sonho é o teu castigo ou se sonhas apenas com o espelho do teu umbigo conta-me esse esquema de sonho conta... eu não me oponho porque se de verdade sonhas comigo adormeço também e sonho contigo Foto: autumn - Domenique Heidy ( olhares.aeiou.pt )

DELÍRIOS CURTOS (IX)

Onde foi a tua Lua? Aquela que usas para clarear o céu da noite E que brilha mais que qualquer estrela Que usaste para clarear o meu pensamento Deixas-me a pensar e a esperar De uma abertura no céu para vê-la Foto: Time to go home - Ihdar Nur ( www.photo.net )

COMO AS ASAS DE UM CISNE SUBMERSO

Esta noite é o desafio supremo Podias atar o meu coração ao teu Derrotar a escuridão Deixar-te guiar pelo rio desta vida Ao sabor de um simples remo Deixar tua jangada vencer Essa parede pesada de folhas molhadas No cruzamento da noite: carvão preto de sonho Deixar o teu e apanhar o meu jeito De menino homem medronho Suportar o aperto que bate no meu peito Como as asas de um cisne submerso Para que o nosso sonho pudesse responder Às perguntas das estrelas do céu E ao sabor doce deste verso Foto: the Guardian. Dominique Heidy ( olhares.aeiou.pt )

VIAGENS

Pensamentos silenciados, fumegantes Em territórios de alfazema e alecrim Luzes verdes cintilantes parecem falar de mim Sons intermitentes, beligerantes Não há nenhuma outra forma de viajar no tempo Do que fazer o tempo chupar a memória Alojada nesse cantinho efémero da nossa história Por caminhos de infância como passatempo Saro ao sol velhas feridas por sarar Descoso o bolso das pedras das lembranças E das minhas desditas heranças E posso enfim respirar as melodias do olhar Foto: allegro ma non troppo - Henrique Alfonso Triviño ( olhares.aeiou.pt )

SOU EU...

Sou eu... povo simples de outras liberdades Sou do tempo e do espaço Fugitivo eterno da mentira e aliado da saudade Sou eu... povo simples, soldado das emoções Sou da vida e da morte Aliado incondicional das razões Sou eu... povo simples, capitão das minhas ilhas Sou do azar e da sorte Conquistador de corações de pedras Dominador de matilhas Sou eu... povo simples, trovador da dor alheia Sou de mim e de todos Espectador de plateia Sou eu... povo simples observador Sou do ar, da terra e da lua Adivinhador de sentidos Pintor de imagem nua Sou eu... povo simples sentimental Sou do bem e do mal Da paixão e do segredo Sou eu... povo simples Dono do seu credo E respeitador do seu medo Sou eu... Foto: MicaelaMoranela - María Valeria Rossi ( olhares.aeiou.pt )

300 Posts.... And still going on...

São 300 Posts (com este são 301), entre Poemas, Palavras em Imagens, Palavras com Música e Músicas de Sempre. Um dos projectos mais gratificantes a que propus até hoje e que é um enorme prazer partilhar com quem tem a gentileza de ler, ver e ouvir a vida destas palavras. São 301 Posts de emoções e sentimentos, imagens e razões, palavras e vidas imaginárias que dão corpo a um projecto pessoal que em breve trará a todos mais novidades. Obrigado a todos

PALAVRAS EM IMAGENS 10

HÁ HISTÓRIAS FANTÁSTICAS, NÃO HÁ? Foto: Raul Cordeiro, Ostrava, R. Checa, 2007

DELÍRIOS CURTOS (VIII)

Cavalgo lentamente nas tuas nuvens Protejo-te com meu corpo quando te sentes nua Olhando juntos Júpiter e Marte Sentados no colo doce da Lua Foto: Deusa Neptuno - António Carreteiro (olhares.aeiou.pt)

ENSAIO DE BEIJO

Querias que te vendesse um beijo meu Ao mesmo preço que me vendes o teu Se me ofereceres o teu beijo Faço do meu o teu desejo Fica assim a esperança de um beijo Na tua testa ao acordar Na esperança que vires tua face Quando eu te for beijar Ensaia agora sem mim No espelho os teus movimentos sábios Vira agora a tua face ao beijo E oferece os teus lábios Como vês não é difícil o ensaio Ensaiar um beijo na face E deixar que involuntariamente Meu simples beijo te enlace Foto: - . Pedro Gomes ( olhares.aeiou.pt )