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FIADOR DE SENTIDOS


Este é um poema sobre tentações. A tentação é um estado sublime entre a sobriedade e a embriaguês.

A tentação está por aí, algures no meio de tudo.

Pensei que poderias ser a chave

Que balança hesitante no colo da minha fechadura

Escolhi as tuas balas para ferir a minha armadura

Colhi as tuas balas na minha boca

Ingredientes doces e salgados

Chumbo, cobre, doce de amargura

Decidi ir ao norte numa viagem louca

O pensamento foi o modo mais fácil de ser

De matematicamente entender

O desvario e a loucura

Sou afinal uma semente vazia

Fruto podre da minha ditadura

Sem folha, flor ou fruto

Fiador de sentidos e delírios despidos

Infantil, irresoluto, invisível e inodoro soluto

Não posso ainda perder-me na abundância do dever

Nem brincar com a idade

Ou atropelar o minuto

Isto não é sobriedade?

Foto: NÃO ABLA NÃO MEXE - jose ferreira (olhares.aeiou.pt)

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VERSO E REVERSO

Se eu fosse um verso Seria com certeza um verso do inverso Escrito de trás prá frente Ou visto á lupa e á lente Se eu fosse um verso Teria que ter uma poesia para nadar Uma frase para rimar Um texto, um mar pra navegar Se eu fosse um verso Podia rimar com várias poesias Uma nova todos os dias Se eu fosse um verso Só, apenas, um simples verso Monossilábico, mesmo do inverso Seria a só a palavra Que a poesia do verso Quisesse Que fosse Se eu fosse um verso seria um pássaro Que faz das frases ramos E das poesias enganos Se eu fosse um verso Seria eu verso Mesmo do inverso Seria meu E nenhuma poesia reclamaria É meu Mas era se fosse um verso Como não sou verso nem do inverso Sou apenas o inverso do verso Sou o reverso Foto: Rodinhas1. - Ed Ferreira ( olhares.aeiou.pt )

DESCULPA-ME

Sinto… Ter feito nascer tua tristeza Despertar a tua fina dor Sei que te fiz sentir mal Desculpa despertar o teu amor Sinto muito por amar-te afinal Desculpa tudo o que fiz Sinto muito por ser quem sou Amar-te foi o que quis Não sei agora O caminho Para onde vou Montado no meu corpo Saborear este amor Que no final Soube a nada e a pouco. Foto: India - Maaria Antónia Bueno (olhares.aeiou.pt)

ESSA ESTANTE DE ENCANTOS

Entre ir e vir Da minha estante de encantos Não sei… Talvez quisesse despir-te a alma Duplicar-te com os olhos Olhar-te deliciado com o pensamento Beber esse néctar ao relento Talvez pensasse no teu perfume Colhido no alvor da manhã Talvez fumegasse em mim um castiçal de lume E me apetecesse subir ao cume E gritar baixinho… Olho-te a todo o instante Vejo-te bailarina nos meus dedos Confidente dos meus segredos Talvez eu esteja aí Despido de nudez à tua cabeceira Explorando com os olhos A colina e a ladeira Talvez entre ir e vir Fossem precisos dias e noites duplicados Invernos secos e Verões molhados Primaveras sem flores e Outonos em Maio E mesmo assim talvez Não chegasse outra vida Para te conhecer outra vez Foto: s/t - José Lopes ( olhares.aeiou.pt )