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Mensagens

há histórias fantásticas

Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos Num apeadeiro nas crateras da Lua Onde das estrelas caíam palavras Que faziam um texto de uma frase nua Onde, no Mar da Tranquilidade As pessoas perdiam a idade Onde não se criavam raízes E podiam ser eternamente felizes Onde por entre naves espaciais Voavam borboletas e flores magistrais Pássaros Fénix imortais E aí esperava por ti Da tua carreira regular de Vénus Com escala breve por aqui Fato espacial branco cru Por cima de um corpo nu Olhaste e vieste a mim Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano Que só mudavam de cor nas estações siderais Onde o tempo era imponderável Mas o solo pouco arável E por isso as flores cresciam no ar sem ar E não podiam parar a idade Nem a força da gravidade Foste breve no olhar mas lenta no respirar Rarefeito o ar e o teu escutar Tinhas pressa do espaço e da sua arte Das velocidades de anos-luz Dos cruzamentos com Marte De um voo espacial nocturno Com passagem...

Da pedra se nasce flor

Falsidades (Republicação)

voa veloz a tua língua sobre o meu coração ilumina-se a fluorescência do teu andar, talhado afunda-se a lua no mar da paixão, diamante rasga-se inteiro o bocado, pedaço da tua mão olha-se de soslaio o corpo amante escurece a sombra do meu braço na tua cintura enrola-se na raiz dos teus ossos escreve-se a minha idade numa pintura, espelho de imagem reflexa, desarrumada, alimento vítreo do ego espera na falsidade da imagem o aconchego

5 ANOS

Nota-se que este espaço já se entranhou de tal forma que este ano até me esqueci de assinalar, na data certa, o 5º Aniversário.  Foi no dia 18 de Julho.  São milhões de palavras e milhares de leitores de amigos que continuam a dar "vida" às "palavras".  Um abraço especial aos amigos que nos seguem e usam os textos nos seus espaços. É um orgulho para nós.  Esperamos continuar por aqui a verter e a alimentar ilusões.  MUITO OBRIGADO

o esquema estúpido

Haverá coisa mais estúpida Que querer uma dor que não se tem E vestir para a esperar O mais bonito vestido E treinar os ais e os suspiros de amor Como se fossem um destino Um vento sentido Haverá coisa mais estúpida Que sofrer pelo que não se tem E gozar a dor que quem não nos gosta Haverá coisa mais estúpida que ser um idiota Que defende sempre a dama errada E vacilar diante de folhas que pedem poemas Como se vacila quando se gosta E não sente a dor Haverá coisa mais estúpida Que amar sempre á mesma hora E ler sempre o mesmo poema Haverá sempre uma palavra Um esquema

poucas certezas

Foto: João Carvalho Tenho quase a certeza Como se têm habitualmente as certezas De que se fechasse os olhos Todas as coisas Se moveriam do seu lugar num secreto movimento Por um instante Por um momento Como tenho a certeza De que se fechar os meus pensamentos na minha mão Eles se moverão E saírão E serão por um instante Num momento Poesia

Férias! (que estou quase a ter) e Verão que não vou esquecer (Raquel Cordeiro)

O primeiro dia de férias Não há como descrever Tudo é mais calmo e simples e a qualquer hora posso comer Verão é diversão É piscina São festivais de verão É passear o cão Para quem o tem Senão… Azar meu bem Está hot todo o dia E mesmo quando há trovões Há sempre parvalhões Que vão para a piscina Todo o dia Com a Maria A Maria são todas as raparigas Que quando há trovões Vão para a piscina com parvalhões No Verão vou à praia Vou nadar ou comer um gelado Ou as duas coisas Dá tempo para tudo Quando se é sortudo e destinado Sortudo e destinado É aquele que pode sempre comer um gelado Raquel Cordeiro

flores roxas

Foto: João Carvalho  Não quero a serenidade Mas há gestos que trazem no peito O peso do mundo E que tocam lugares desertos Na forma justa medida Da medida que é a vida Não Não quero números de circo Ou trapézios verdes Ou riscos Quero apenas a angústia dos mortais E rios de flores roxas E outras que tais Não quero estrelas Nem sóis nem luas Mas há gestos que trazem ao peito O coração do mundo Gestos que tocam fundo Onde nascem peixes azuis Onde eu nunca fui Não quero números de magia Ou cordas bambas Ou risos Ou sambas Quero apenas a angústia dos mortais E rios de flores roxas E outras que tais

furtivo

ficaria feliz se estivesses a sorrir quando eu morresse se eu me pudesse vingar assim de toda a tristeza em mim e vomitar a vida de uma congestão avulsa e se estes versos fossem lápide de uma vida de um lema a que alguns chamam poema seria vingativo mas um pouco diria furtivo

Do outro lado da infelicidade

Quando te olhei mais que um segundo ceguei Fiquei colado ao chão Já não viste mas paralisei Uma estátua Quieto De olhos na Lua Quando quase te toquei com a minha mão delirei Pensei ver-te retribuir Pura ilusão da tua mão Puro delírio do meu sentir Ver-te chegar Para te abraçar Se eu te olhar Na sombra da minha árvore Ao Sol do meu olhar Num barco a navegar Ou num delírio ao luar Vou-me rir Rir é um chorar Diferente Quando te recolhi no meu colo Foste o cimento da minha casa pequena O meu mundo A minha montanha Foste da minha janela A cena Chegaremos junto a esse porto de abrigo Do outro lado da infelicidade Seremos nós Eu e tu A verdade Se eu te olhar Na sombra da minha árvore Ao Sol do meu olhar Num barco a navegar Ou num delírio ao luar Vou-me rir de contente Rir é um chorar Diferente Vou-me rir de contente Rir é um chorar Diferente

De cheiros amarelos de giestas (Portalegre)

Foto: João Carvalho É esta No seu passo alegre A cidade do meu andar Que se escreve Deliciosa Diante do meu olhar De cheiros amarelos De giestas Nas abas do teu vestido Das festas Num voo colorido É fresca a tua boca De madrugada É de sol A alvorada

horário de jogo (letra de música)

O lume que acendes É da cor dos teus olhos Vou apagá-lo com um beijo Depois De escrever versos simpáticos Puxo os galões de catedrático E vou estudar-te… Vou ler … As tuas frases ao contrário Decifrar o teu horário E sonhar… Vou ver … O brilho  Dos teus olhos nos meus E os meus beijos chocarem com os teus O lume que apago É quase da cor do fogo Escolhe tu as regras  Deste jogo Já não sei o que sentir Nem escrever nem dizer Escrevo versos no desejo De apagar os teus com um beijo Vou ler … As tuas frases ao contrário Decifrar o teu horário E sonhar… Vou ver … O brilho  Dos teus olhos nos meus E os meus beijos chocarem com os teus

um resumo

- O que é um resumo? - Um resumo é assim como se extraíssemos da vida o sumo,  um vestido singelo da verdade nua no meio do fumo exibindo a sua vaidade formosa mensageira da verdade - Um resumo é isso? - Sim, é isso… a apresentação concisa pequena e precisa de um facto,  de um momento - Uma pessoa é um facto? - Se ocorre na natureza, sim. - Pode uma pessoa ser,  num momento, um resumo? - Sim, se ocorrer num poema  nua depois do fumo

Fado do entendimento

Foto: Raul Cordeiro Já fiz todas as forças e reforças do mundo E eu não me entendo Quanto mais olho para o espelho Mais se vai o mundo enchendo Quanto mais água limpa dos meus olhos corre Menos eu me entendo e a alegria morre Gastei o tempo a entender o mundo Menos me entendi a mim E ouvi do mundo um não  Rotundo Já fiz de tudo para me ouvir e entender Menos o que fiz para isso E o que não fiz para isso nem quero fazer Foi morrer

sempre fico parvo

sempre fico parvo quando alguém me diz que não sabe o que realmente sabe e o que na sua sabedoria cabe desculpas sem motivo ignorâncias sem aviso prévio sabemos sempre mais do que que outros sabem que sabemos e sempre menos do que outros pensam que sabemos ou pura e simplesmente não sabemos

o umbigo

Diria Almada que sermos coletivos é sermos mais Que o mundo quer ajuda Da massa humana imortal Que prefere  Curar o seu próprio mal A que outros o venham curar Mas poupo-vos ao meu amor pelo mundo O amor faz-se se houver tempo Por isso se não tiverem tempo Não contem comigo Nem pensem no mundo (ele agradece) Olhem antes para o vosso umbigo

A fuga do beijo (Dia Mundial do Beijo) - Republicação

Pus um beijo sossegado Deitado Em cima da mesa de entrada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Ninguém lhe tocou Ninguém o viu à entrada De tão quietinho De uma boca tão calada Um beijo é apenas um beijo Quietinho Sossegado e poupado A uma boca Que não quer ser beijada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba