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Mensagens

D-Day - Rui Massena

Átoa - Falar a dois

Homenagem a Herberto Hélder

Se houvesse degraus na terra... Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu, eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia. No céu podia tecer uma nuvem toda negra. E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas, e à porta do meu amor o ouro se acumulasse. Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se, levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho. Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra, e a fímbria do mar, e o meio do mar, e vermelhas se volveram as asas da águia que desceu para beber, e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas. Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo. Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata. Correram os rapazes à procura da espada, e as raparigas correram à procura da mantilha, e correram, correram as crianças à procura da maçã. Herberto Helder

Flash VIII - A felicidade, ainda a felicidade

A felicidade é um daquelas emoções básicas que integram a nossa bagagem pessoal de suporte essencial de vida tal como o medo, a tristeza e a ira. Talvez um dos grandes desafios seja compreender a base biológica das emoções. Assim, se a felicidade é uma emoção básica e tem uma base biológica haverá uma biologia da felicidade e uma biologia da infelicidade? Entre a alegria e a tristeza ou entre o medo e a ira será a felicidade o racional da bipolaridade? Seria então o choro o racional da tristeza e o riso o racional da alegria?  E será sinal de evolução biológica chorar de alegria ou rir da tristeza?  Ou são apenas traições biológicas? A felicidade parece sim tornar-se na nossa vida uma camisa de forças "florida" cujos limites são os estereótipos sociais. Felicidade parece referir-se ao ponto em que a a nossa gestão quotidiana parece cruzar-se com a busca do impossível. E se nesse caminho encontramos alguém (impossível não encontrar) as nossas felicidades encon...

Poema de indecisão (Republicação)

S e houvesse nos teus olhos um pouco mais de Sol, um pouco de chuva, um pouco mais de vinho, um pouco mais do açúcar da uva. Podia beber-te e saborear-te. Se não fosse só ilusão a tatuagem na sombra da tua mão, o delírio em que despertas e corres para mim na bruma, Podia mergulhar, nu, na tua espuma. Se não tivesse falhado todos os semáforos verdes da estrada, e desbaratado todos os amarelos, Seria agora livre. Se tivesse partido as algemas e roído as grades, e olhado os precipícios com sangue de herói, Seria agora um beijo a voar. Se tivesse acabado tudo o que comecei, beijado o que não beijei, se tivesse visto o Sol mais cedo, Seria agora um desvendado segredo.

pela liberdade, sempre...

Carlos do Carmo com Ricardo Ribeiro - Pontas Soltas

Ala dos Namorados - Águas Furtadas

Flash VIII - Os tempos do tempo

Disserto hoje sobre Chronos, Kairos e Aeon. A mitologia grega tinha três conceitos para o tempo. O tempo sequencial, cronológico ditador das coisas da terra e do seu crescimento e morte, personificado em Chronos.  O momento oportuno, a oportunidade, personificada em Kairos e o tempo da criatividade onde a medida não é ditatorialmente cronológica.  É este último tempo, personificado em Aeon, um verdadeiro tempo sem tempo. É este o verdadeiro tempo dimensional da poesia. Diríamos que este é o tempo da poesia, o tempo de Kairos o tempo do amor e o tempo de Chronos o tempo da vida? Todos amamos durante a vida nem que seja apenas a própria vida. E sobre esse tempo construímos poesia todos os dias com os nossos gestos, as nossas palavras ou os nossos sorrisos. E esses gestos, palavras e sorrisos fazem-nos amar e ser amados. E somos fruto do tempo e dos tempos do tempo.

Carminho - O Sol, Eu e Tu

Mikkel Solnado feat. Joana Alegre - E Agora?

Confissões do tempo (republicação)

Não. Claramente não. Por mais que queiras não consegues separar-me dos teus dias. Vi-te ontem quando cruzava os horizontes da minha passagem, quando cruzava montanhas e saudades tamanhas. Vi-te armada de tuas bagagens á beira da estrada como se esperasses as minhas viagens. Cheirei inebriado as rosas do teu cabelo e desfiei o teu novelo de razões na minha teia de emoções. Confesso… Chorei… Mas ri do meu choro e ouvi nas minhas lágrimas o nosso riso em coro

Carminho - Chuva no Mar com Marisa Monte

Natal

Foto: João Carvalho (http://saltapocinha.wordpress.com/) N ão se sabia sequer que era um poema Aquele monte de coisas que cresceram no meu quintal Cada verso, cada frase, cada ramo Cada sombra da copa esperava por um Natal Suspensa das vontades do Homem Em adorá-la ao menos uma vez por ano E adubá-la com estrelas, prendinhas e palavras Surgiam luzes e imunes veios ao desengano Não sabia sequer que o Natal era um poema Que havia por ano uma vez só Nem sabia de que poema se tratava Nem o sabia de cor Podia ser trágico ou de amor Mas cresciam nela ramos novos Ficam bonitos os velhos E estrelas e bolas Para as crianças se verem ao espelho E era nesses dias que era árvore poema Árvore de Natal De crianças e homens De um Natal por inventar

ESPERA MENINA, PELO BARULHO DOS GUIZOS

Espera menina Não partas ainda que a poesia não finda Espera menina Pelos olhinhos que te faço Espera menina Pela estação infinda Espera menina Prepara o teu regaço Esquece os risos e os sorrisos Esquece o tempo em que tivemos algum tempo Escuta o barulho dos guizos Esquece o mau e o bom Esquece o choro e a lágrima Escuta a canção e o tom Esquece os beijos Esquece o medo e o segredo Esquece os desejos Espera menina Enquanto exploro e desbravo o arvoredo Espera menina

Flash VII - Mãos e lábios

Apenas as mãos verdadeiras escrevem poemas. Apenas os lábios verdadeiros dizem poemas. Não vejo nenhuma diferença entre um verdadeiro aperto de mão e um poema. Não vejo nenhuma diferença entre entre um beijo e um poema. Depende da atmosfera, da aura da mão e do beijo. (Raul Cordeiro... Paul Celan)

Flash VI - Solidão (devaneios)

Há portas na vida que se fecham e se abrem e outras que estão sempre entreabertas como se do outro lado soprasse uma brisa leve que nem fecha a porta nem a abre, mas nos traz beijos de vez em quando. Alguém disse há uns tempos que a vida é um encontro de solidões. Eu diria que sim.  É um encontro de solidões que por vezes se encontram e por vezes se separam. Por muito que quisesse nunca poderei esquecer as brisas que me aquecem a solidão. Pode ser perigoso abrir ou fechar demasiado a porta.  Agrava a solidão.

fatal

fatal seria viver viver sem dor? seria envelhecer envelhecer sem angústia? seria morrer morrer sem desespero? e não procurar encontrar sentido para a vida? seria sentir sentir sem pensar? sou um ser uno, poeta do real objetivo, estático e metafísico leitor indolente, fatal

Não sei ainda

Foto: Beatriz Lourenço Não sei ainda Porque mudaste de banco E te plantaste à minha frente Não sei ainda Porque sorriste à minha voz Porque fizeste das tuas pernas nós Não sei ainda O que me levou a dizer-te para vires comigo Talvez te quisesse segura Para ouvir a tua voz Ou quisesse apenas experimentar o perigo Sabes...  Podia amar-te  Indefinidamente  Não sei ainda Porque dormiste quando olhava para ti Não sei ainda Porque fingias a atração contingente Porque caminhaste à minha frente Sem olhar para trás Não sei ainda Porque te deixei tão facilmente Ou talvez quisesse ser sério, estupidamente Sabes...  Podia amar-te  Indefinidamente  Não sei ainda Porque te encontrei agora Não sei ainda Porque me cativam os teus olhos Porque me fazes pensar tanto Não sei ainda O que fazer nem dizer Talvez quisesse que estivesses aqui E que bom seria para a minha canção ser diferente Sabes...  Podia amar-te indefinidame...