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Longe do sítio Onde me sento e descanso Perto de um ribeiro manso Onde rebola o meu versejar Eu encontrei Uma pedra de mil tons Essa pedra tem toques raros Uns maus e outros bons Peguei nela devagar Atirei-a ao céu Tão longe e tão alto Como se ele fosse meu E ela voou e riscou No céu como um lápis Um nome nasceu Com as cores do arco-íris É raro termos a sorte De ser cor das cores do céu De ver de perto Um pequeno troféu Erguer-se num mundo incerto E usar o mesmo olhar E usar o mesmo respirar E a mesma pedra de mil tons Para dar cor ao luar E ela voou e riscou No céu como um lápis Um nome nasceu Com as cores do arco-íris Fora de tempo (25/04/2014, Castelo de Vide)
Pus um beijo sossegado Deitado Em cima da mesa de entrada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Ninguém lhe tocou Ninguém o viu à entrada De tão quietinho De uma boca tão calada Um beijo é apenas um beijo Quietinho Sossegado e poupado A uma boca Que não quer ser beijada Não há nada Que um beijo não abra Não há nada Que num beijo não caiba Fora de tempo (25/04/2014, Castelo de Vide)
O que mais há na terra é paisagem * Em abril há uma terra e uma paisagem Hoje ouvi os discursos de um abril a sufocar Com asma do tempo E medo da idade Nem velho nem novo Mas sem Alzheimer, na memória do povo Hoje ouvi os discursos da memória sem tempo Mas também os do tempo sem memória Hoje ouvi os discursos da responsabilidade E os da culpa dos outros As palavras da história E as histórias das palavras Contadas porque não as conheceu Porque quem em Abril não nasceu Nem morreu Os discursos dos que só veem a paisagem E o chão E se esquecem que todos os dias Nos sapatos lhe caga um cão, um gato, um coelho Ou um fedelho O que mais há é quem não veja senão paisagem E se esqueça da terra Quem olhe a planície e se esqueça da serra Ouvi Ouvi hoje os discursos de um abril a sufocar Seco pelas rugas Húmido pela juventude Um abril devassado por muitos Mas virgem na virtude Ouvi hoje os discursos de abril Sempre * José Saramago, ...

Hoje é o Dia Mundial do Beijo

Poema tardio do Dia do Pai (da minha filha Raquel...)

Sei que já venho tarde, Mas nunca é tarde demais Para te dizer que para mim és o melhor pai. És carrancudo e mau, És protetor e prudente E são poucas as vezes em que sorris com os dentes. Comes das minhas guloseimas, E estás sempre a criticar, É de manhã à noite, Do levantar ao deitar. És viajado e culto, Mas também reservado e adulto, Tu és o meu pai, O melhor pai do mundo. A razão pela qual não tiveste um miminho, Foi porque a minha querida filosofia se meteu no caminho, Impressões e ideias, Cogito e existência de Deus, Foi tudo aquilo que me prendeu, Descartes e Hume já deviam estar a prever, Que isto ia acontecer. Descartes provou a sua existência enquanto substância pensante, Mas é a tua existência que tem de ser constante. Hume pensava que o conhecimento verdadeiro derivava dos sentidos, E o conhecimento que tenho por ti é decidido. É um amor inexplicável, Que resiste à duvida, Mesmo de Descartes e de Hume, E nã...

vestido de feira e fato de flanela (letra de música)

é tão grande a distância e grave a ideia de ter a tua concordância ver a tua odisseia e assistir na plateia não me deixaste tocar-te nem com a ponta de um dedo desviaste de mim o olhar nem desvendas-te o segredo nem por coragem nem por medo fiquei eu meio sem jeito e equipado a preceito tu airosa e sobranceira no teu vestidinho de tecido de feira nem me valeu a gravata nem o fato de flanela valia mais uns calções e um jeito de acrobata e em circo se tornou este nosso desencontro raio, corisco e estrela um vestido de feira e um fato de flanela é tão grande a distância e grave a ideia de ter a tua concordância ver a tua odisseia e assistir na plateia não me deixaste tocar-te nem com a ponta de um dedo desviaste de mim o olhar nem desvendas-te o segredo nem por coragem nem por medo

Miguel Araújo | Balada astral (com Inês Viterbo)

Rita Dias -- "Choraminguice"

As minhas pontes

Há no encanto das flores Uma ponte de mim para mim Uma garra geológica Pouco lógica Como se a poesia que escrevo Viesse em monte Em onda trágica Tornar-me seu servo E da ponte emergem dois fins E dois princípios, e um meio E um receio...

Xutos e Pontapés - De madrugada tu e eu

Luis Represas - Tomara

Há histórias fantásticas

Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos Num apeadeiro nas crateras da Lua Onde das estrelas caíam palavras Que faziam um texto de uma frase nua Onde, no Mar da Tranquilidade As pessoas perdiam a idade Onde não se criavam raízes E podiam ser eternamente felizes Onde por entre naves espaciais Voavam borboletas e flores magistrais Pássaros Fénix imortais E aí esperava por ti Da tua carreira regular de Vénus Com escala breve por aqui Fato espacial branco cru Por cima de um corpo nu Olhaste e vieste a mim Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano Que só mudavam de cor nas estações siderais Onde o tempo era imponderável Mas o solo pouco arável E por isso as flores cresciam no ar sem ar E não podiam parar a idade Nem a força da gravidade Foste breve no olhar mas lenta no respirar Rarefeito o ar e o teu escutar Tinhas pressa do espaço e da sua arte Das velocidades de anos-luz Dos cruzamentos com Marte De um voo espacial nocturno Com passagem ...

versos azuis (republicação com foto do João Carvalho)

Escrevo hoje versos azuis Enquanto choram os olhos E cantam os dentes e os lábios Escrever um verso azul É mais que um momento de poesia É meu Suave, quieto e quente Suor literário do sul Foto: João Carvalho 

Tecer a vida (Republicação)

Quando a nossa vida É tecida no tear do tempo Alvora a eternidade E em laçadas de fios de prata Um olho hábil Constrói a nossa figura social E nossos sonhos em cascata Surgem tecidos em tom natural Numa bitonalidade Entre o amor e o ódio Entre os tons cinzentos ou coloridos De um breve episódio Numa alegre ou triste remexida Desse breve tempo A que chamamos vida * Foto: João Carvalho 

Vou mudar

Vou mudar agora de ano E de plano Vou mudar de dia E de fantasia Vou mudar de hora E de aurora Vou mudar de bússola E de pistola Vou mudar de olhar E de andar Vou mudar de sorriso É um aviso Vou mudar de mim Enfim Mas vou ser eu Afinal

Natal das ideias

Era já Natal nas ideias Mas inverno nas cabeças Carecas, pouco cheias Era bonita a festa Luminosa O Natal das pessoas Ou o que delas resta Há pouco para querer E muito Natal para poder Ser Natal E gritar bem alto o refrão Natal não é hoje Como todos os dias é verão * Foto João Carvalho ( http://saltapocinha.wordpress.com/)

D.A.M.A. - Balada do desajeitado

zonzo

Sabes Gosto de ir até ao fim À esquina à espera de mim Algures no sítio onde me procurarem Mora a felicidade Assim zonza, é parte de mim Música: Tonto por ti - Azeitonas

Samuel Úria - Chamar a música

A felicidade...

A felicidade é um daquelas emoções básicas que integram a nossa bagagem pessoal de suporte essencial de vida tal como o medo, a tristeza e a ira. Talvez um dos grandes desafios seja compreender a base biológica das emoções. Assim, se a felicidade é uma emoção básica e tem uma base biológica haverá uma biologia da felicidade e uma biologia da infelicidade? Entre a alegria e a tristeza ou entre o medo e a ira será a felicidade o racional da bipolaridade? Seria então o choro o racional da tristeza e o riso o racional da alegria?  E será sinal de evolução biológica chorar de alegria ou rir da tristeza?  Ou são apenas traições biológicas? A felicidade parece sim tornar-se na nossa vida uma camisa de forças "florida" cujos limites são os estereótipos sociais. Felicidade parece referir-se ao ponto em que a a nossa gestão quotidiana parece cruzar-se com a busca do impossível. E se nesse caminho encontramos alguém (impossível não encontrar) as nossas felicidades encon...