Se houvesse nos teus olhos um pouco mais de Sol, um pouco de chuva, um pouco mais de vinho, um pouco mais do açúcar da uva. Podia beber-te e saborear-te.
Se não fosse só ilusão a tatuagem na sombra da tua mão, o delírio em que despertas e corres para mim na bruma, Podia mergulhar, nu, na tua espuma. Se não tivesse falhado todos os semáforos verdes da estrada, e desbaratado todos os amarelos, Seria agora livre. Se tivesse partido as algemas e roído as grades, e olhado os precipícios com sangue de herói, Seria agora um beijo a voar. Se tivesse acabado tudo o que comecei, beijado o que não beijei, se tivesse visto o Sol mais cedo, Seria agora um desvendado segredo.
São poemas de aromas os que tenho no meu jardim São danças de cheiros voláteis Rodopios de alecrim São doces cheiros de café e canela São pinceladas de manjerico Verdejantes na janela São cheiros e delícias da noite e do dia É o cheiro do luar que abafa a melodia Melodiosa a árvore e a folha Ao vento e sem medo Escondendo o seu cheiro No meio do arvoredo São poemas de aromas os que tenho no meu jardim São folhas de chá de lima Doce ou salgado Seco ou molhado Na chávena de uma lágrima São mesmo assim poemas de aroma São poemas de aroma sem rima Foto: Manto vermelho - Carlos Afonso (olhares.aeiou.pt)
Espera menina Não partas ainda que a poesia não finda Espera menina Pelos olhinhos que te faço Espera menina Pela estação infinda Espera menina Prepara o teu regaço
Esquece os risos e os sorrisos Esquece o tempo em que tivemos algum tempo Escuta o barulho dos guizos Esquece o mau e o bom Esquece o choro e a lágrima Escuta a canção e o tom Esquece os beijos Esquece o medo e o segredo Esquece os desejos
Espera menina Enquanto exploro e desbravo o arvoredo Espera menina
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