Hoje passo por aqui
A destilar com o fígado a monotonia
Das coisas monótonas
E a vulgaridade de quem se sente vaidoso
E na verdade não é
Imbecil o que se senta e nem olha à volta
Apologista falso do pudor
De ver até uma árvore nua
E sentir dela posse como se fosse sua
Dá-me ranço a vulgaridade dos corpos
E a falta de capacidade de cálculo
Do diâmetro da existência
Aflige-me que depois de tantas lições
E tantos jardins
E tantas lágrimas
E tantos poemas
Coloquemos flores no lamento
Mas deixemos as costas
Bem direitas
Na parede de fuzilamento
Hoje passo mas não fico
Porque não me deixa o vício do fígado
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