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ABSOLUTO / RELATIVO


Conheci hoje o sabor da relva
O rodopio da selva das frases feitas
Faço luto pelos discursos estéreis e ocos
Elevo-me para além de pios loucos
Sou ainda capaz de descer e subir esse degrau
De me sentar à luz e saborear
Palavras de canela e de cacau
Sou forte que nem eu
Mesmo nos braços de Morfeu
Até seus delírios são oniricamente fortes
Mais dados às certezas que às sortes
Espera-me uma mesa farta
Um sofá de pele de marta
Uma cozinha mais cheia que pouca
E uma inconsolada boca
Faço luto pela incompreensão
Quando se faz noite sem razão
Quando o Sol foge da minha vigia
Se não se faz dia
Faço luto se perco a mesa
Se viciam o baralho
Se me fazem beijar o soalho
Faço luto se não me deixam fazer luto
Se fazem do relativo absoluto
Ou da matéria um produto
Faço luto e não poemas
Mesmo sem razão aparente
De fazer luto e ser diferente

Foto: 000 - luis reininho (olhares.aeiou.pt)

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VERSO E REVERSO

Se eu fosse um verso Seria com certeza um verso do inverso Escrito de trás prá frente Ou visto á lupa e á lente Se eu fosse um verso Teria que ter uma poesia para nadar Uma frase para rimar Um texto, um mar pra navegar Se eu fosse um verso Podia rimar com várias poesias Uma nova todos os dias Se eu fosse um verso Só, apenas, um simples verso Monossilábico, mesmo do inverso Seria a só a palavra Que a poesia do verso Quisesse Que fosse Se eu fosse um verso seria um pássaro Que faz das frases ramos E das poesias enganos Se eu fosse um verso Seria eu verso Mesmo do inverso Seria meu E nenhuma poesia reclamaria É meu Mas era se fosse um verso Como não sou verso nem do inverso Sou apenas o inverso do verso Sou o reverso Foto: Rodinhas1. - Ed Ferreira ( olhares.aeiou.pt )

ESSA ESTANTE DE ENCANTOS

Entre ir e vir Da minha estante de encantos Não sei… Talvez quisesse despir-te a alma Duplicar-te com os olhos Olhar-te deliciado com o pensamento Beber esse néctar ao relento Talvez pensasse no teu perfume Colhido no alvor da manhã Talvez fumegasse em mim um castiçal de lume E me apetecesse subir ao cume E gritar baixinho… Olho-te a todo o instante Vejo-te bailarina nos meus dedos Confidente dos meus segredos Talvez eu esteja aí Despido de nudez à tua cabeceira Explorando com os olhos A colina e a ladeira Talvez entre ir e vir Fossem precisos dias e noites duplicados Invernos secos e Verões molhados Primaveras sem flores e Outonos em Maio E mesmo assim talvez Não chegasse outra vida Para te conhecer outra vez Foto: s/t - José Lopes ( olhares.aeiou.pt )