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HISTÓRIA DO AVESSO (DE UM RIO DE ÁGUA VAZIO)


Para aqui sentado na paragem
Olhos à chuva deles mesmos
Olhos nas vigias das ruas e vielas
Inventando a miragem dos teus
Reflectida na janela dos meus
Tempestade à espreita na cidade
Cabeças no ar, olhos no chão
Uma rua gasta da idade
Uma pedra que salta do caminho
Uma pedra na rua da cidade
E alguém que caminha sozinho
Lágrimas que correm para o rio
Um rio de água vazio
Um barco em seco sem vento
Um grito feito lamento
Um homem de água sedento
E um rio de água vazio
Uma mulher a tremer de frio
E uma capa a voar ao vento
Um homem que olha o advento
De um rio de água vazio
Uma criança que choras os pais
Pais sem filhos nem rio
O barco sem porto nem cais
E um rio de água vazio
Um pintor que pinta sem quadro
Um quadro sem pintor ao vento
Um pintor que pinta ao frio
Um rio da água vazio
Um amor que esvoaça o equador das ideias
O sangue que salta das artérias
Um corpo que encolhe com o frio
Num rio de água vazio
Foto: Não me negues o teu amor - Raul Cordeiro (olhares.aeiou.pt)

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Se eu fosse um verso Seria com certeza um verso do inverso Escrito de trás prá frente Ou visto á lupa e á lente Se eu fosse um verso Teria que ter uma poesia para nadar Uma frase para rimar Um texto, um mar pra navegar Se eu fosse um verso Podia rimar com várias poesias Uma nova todos os dias Se eu fosse um verso Só, apenas, um simples verso Monossilábico, mesmo do inverso Seria a só a palavra Que a poesia do verso Quisesse Que fosse Se eu fosse um verso seria um pássaro Que faz das frases ramos E das poesias enganos Se eu fosse um verso Seria eu verso Mesmo do inverso Seria meu E nenhuma poesia reclamaria É meu Mas era se fosse um verso Como não sou verso nem do inverso Sou apenas o inverso do verso Sou o reverso Foto: Rodinhas1. - Ed Ferreira ( olhares.aeiou.pt )

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Entre ir e vir Da minha estante de encantos Não sei… Talvez quisesse despir-te a alma Duplicar-te com os olhos Olhar-te deliciado com o pensamento Beber esse néctar ao relento Talvez pensasse no teu perfume Colhido no alvor da manhã Talvez fumegasse em mim um castiçal de lume E me apetecesse subir ao cume E gritar baixinho… Olho-te a todo o instante Vejo-te bailarina nos meus dedos Confidente dos meus segredos Talvez eu esteja aí Despido de nudez à tua cabeceira Explorando com os olhos A colina e a ladeira Talvez entre ir e vir Fossem precisos dias e noites duplicados Invernos secos e Verões molhados Primaveras sem flores e Outonos em Maio E mesmo assim talvez Não chegasse outra vida Para te conhecer outra vez Foto: s/t - José Lopes ( olhares.aeiou.pt )